A urgência de ginecologia e obstetrícia e a via verde coronária do Hospital de Santo André, em Leiria, vão estar encerradas no fim de semana, disse à Lusa fonte da Federação Nacional dos Médicos (Fnam).
“Entre as 9 horas de sábado e as 9 horas de segunda-feira, a urgência de cardiologia vai estar encerrada, o que é extensível à via verde coronária. Não haverá médicos a acompanhar os doentes que estão no internamento durante o fim de semana”, revelou à agência Lusa a representante em Leiria da Fnam, Sandra Hilário.
Segundo a dirigente sindical, a urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Santo André, que integra o Centro Hospitalar de Leiria, também não estará a funcionar durante o mesmo período. “As grávidas serão transferidas para Coimbra”, explicou.
Sandra Hilário alertou que, em novembro, “perspetiva-se o encerramento da urgência de ginecologia de quinta a segunda-feira”.
“Na medicina interna, o conselho de administração aprovou escalas subdimensionadas na medicina interna, estando a trabalhar um interno e um especialista, o que vai contra todas as recomendações da Ordem dos Médicos”, destacou.
Sandra Hilário sublinhou que, apesar “deste descalabro”, os médicos “continuam a fazer horas extras”. “Na ginecologia registaram-se 30 turnos de 12 horas extras. A cirurgia tem feito horas extraordinárias. Sem isso seria impossível assegurar a urgência externa”, disse.
A também especialista em cirurgia reconhece que a escusa dos médicos em ultrapassar as 150 horas extraordinárias é uma “calamidade”, mas exemplificou casos de profissionais de saúde “com 400 e 600 horas extra e 80 horas de trabalho” por semana, alertando para a exaustão.
Afirmando que vão tentar manter a cirurgia externa aberta à população durante a semana, Sandra Hilário avisou que, com apenas dois cirurgiões de escala, se tiverem de ir para o bloco operar, a urgência de cirurgia terá de encerrar durante esse período.
O serviço de urgência da especialidade de cirurgia está encerrado desde esta quinta-feira à noite até à próxima segunda-feira de manhã.
“Na cardiologia é preocupante, porque existem vias verdes, nomeadamente a via verde coronária”, alertou, ao constatar que na pediatria tem sido possível realizar escalas, mas sem cumprir “aquilo que a Ordem dos Médicos emanou como recomendação mínima de especialistas na urgência”, reforçou Sandra Hilário.
Sandra Hilário assegurou ainda que a “população é o maior foco da Fnam e dos médicos”.
“Queremos sentir-nos descansados e capazes de observar e tratar bem os nossos doentes. Portanto, não podemos estar de todo exaustos”, salientou.
O CHL está a trabalhar para encontrar as “melhores soluções” para responder à recusa dos médicos de ultrapassar as 150 horas extraordinárias, disse à agência Lusa a instituição.
“O CHL confirma a receção das declarações dos profissionais de direito de recusa legal de ultrapassar as 150 horas de trabalho suplementar”, adiantou fonte do conselho de administração do centro hospitalar.
CHL não recebe novas parturientes
Em comunicado emitido ao final da tarde, a administração do CHL confirma que “estão previstos constrangimentos este fim de semana na urgência ginecológica/obstétrica e na urgência pediátrica, apesar de todos os esforços para completar as respetivas escalas médicas”.
Devido ao encerramento da urgência ginecológica/obstétrica, entre as 9 horas de sábado e as 9 horas de segunda-feira, não serão admitidas novas parturientes, estando, no entanto, “assegurados os cuidados de saúde às utentes já internadas e o apoio à urgência interna”.
No comunicado, o CHL recomenda a todas as grávidas ou utentes com problemas urgentes do foro ginecológico, que contactem previamente o SNS 24 (808 24 24 24), antes de se deslocarem a qualquer unidade de saúde. Nos casos de emergência, o CHL informa que o contacto deverá ser realizado diretamente para o 112.
No que diz respeito à urgência pediátrica, o CHL informa que vai estar encerrada entre as 9 horas de domingo e as 9 horas de segunda-feira, “estando assegurado o apoio aos doentes internados e a crianças em risco de vida”.
De acordo como mesmo comunicado, “será solicitado ao CODU o encaminhamento de doentes emergentes para os hospitais de referência, dado que os hospitais do SNS funcionam em rede, sendo a colaboração entre as várias instituições uma virtude deste sistema”.
Por fim, o CHL sensibiliza todos os utentes que não necessitem de cuidados de saúde urgentes, que recorram à linha SNS 24 e aos cuidados de saúde primários.
Notícia atualizada às 19h40, de 6 de outubro de 2023, com a informação do comunicado emitido pelo Centro Hospitalar de Leiria