A PIM – Mostra de Ilustração para Imaginar o Mundo, abriu no sábado, dia 14, em Óbidos 75 livrarias imaginárias, desenhadas pelos ilustradores que integram o programa do Folio Ilustra e aceitaram o desafio de homenagear o mentor do festival, José Pinho.
O desafio lançado pela curadora do Folio Ilustra foi para que 69 ilustradores desenhassem 69 livrarias imaginárias, “uma por cada ano de vida de José Pinho”, fundador e mentor do festival, que morreu em maio deste ano.
O repto mereceu resposta de 75 ilustradores responsáveis pelas livrarias imaginárias que até ao fim do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos ficarão expostas na Galeria Ogiva.
A mostra conta ainda com textos de Joana Bértholo, espalhados por toda a galeria, baseados no “Manifesto contra a Amazon” e Raul Guride deu “corpo às bestas” que simbolizam os riscos que correm os livreiros independentes.
Das várias bestas que ocupam as paredes da galeria, Mafalda Milhões destacou na inauguração o “hipopócrita que às vezes ajuda os livreiros a combater as bestas maiores, mas logo os contamina com a sua hipocrisia e os põe uns contra os outros, lutando entre si”. O hipopócrita “também ataca leitores: aqueles que ficam muito tristes quando fecha uma livraria de que gostavam muito, mas não se privam de manter o sistema que promoveu o seu fecho”, pode ler-se.
Na inauguração da exposição foi entregue o Prémio Nacional de Ilustração a Inês Viegas Oliveira que venceu, por unanimidade, a edição 2022 com o livro de estreia, intitulado “Duelo”.
O livro, publicado no verão passado pela Planeta Tangerina, foi distinguido “pela singular relação do texto com as ilustrações, a originalidade gráfica que o faz distinguir-se das propostas mais comuns, e a riqueza plástica da obra”, referiu o júri, em nota de imprensa.
O livro, cujos direitos estão vendidos para italiano, coreano e inglês, surgiu da experiência da autora, nascida em Tavira em 1995, no projeto europeu “Every Story Matters”, que promove a inclusão através das histórias e dos livros.
Nesta edição do prémio, foram ainda atribuídas menções especiais a André Carrilho, pelo livro “Senhor Mar”, editado pela Bertrand, e a João Fazenda, pelas ilustrações de “Jerónimo e Josefa”, com texto de José Saramago, publicado pela Tcharan.
Segundo a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o júri considerou ainda dar destaque a “três obras singulares”, todas da editora Planeta Tangerina.
Nomeadamente “Desenha tudoo que quiseres”, de Madalena Matoso, “Apanhar ar, apanhar sol”, de Bernardo Carvalho para texto de Isabel Minhós Martins, e “O que é isto”, com ilustrações de Yara Kono para texto de Ana Pessoa.
O Prémio Nacional de Ilustração cumpre a 27.ª edição, a que concorreram 82 obras de 59 ilustradores.
O prémio foi criado em 1996, com o objetivo de reconhecer a ilustração original e de qualidade publicada em Portugal.
O Folio decorre em Óbidos até ao dia 22, com um total de 603 autores e criadores, em cerca de 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições, 18 sessões de leitura e poesia e 14 mesas de autores.