É um antigo autarca local, tem 58 anos de idade e está desempregado. Foi detido pela Polícia Judiciária, através do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, no seguimento de queixa recebida em setembro passado.
O caso foi hoje revelado pelas autoridades. Segundo comunicado da PJ, este “esquema criminoso”, “fez várias vítimas”.
Em concreto, o homem fazia-se passar por um alto quadro da administração pública e garantia que iria dar prioridade na aprovação de candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal (PRR). Em troca, exigia o pagamento de uma comissão: um por cento do valor da candidatura.
“O arguido, atualmente desempregado, com 58 anos, ex-autarca local, com antecedentes criminais, através de um bem estruturado e convincente esquema de ‘engenharia social’, fazendo-se passar por alto quadro da administração pública, conseguiu convencer empresários de norte a sul do país de que iria intermediar e dar prioridade na aprovação de pretensas candidaturas de projetos no âmbito do PRR”, adianta nota à imprensa hoje divulgada pela PJ.
“Com convincente argumentação”, refere a PJ, o homem “exigia pagamentos correspondente a 1% do valor da candidatura, sendo que estas assumiam sempre valores superiores a 3 milhões de euros, conseguindo dessa forma obter elevadas vantagens patrimoniais”.
Consequentemente, na busca domiciliária realizada pelas autoridades, “foram apreendidos relevantes elementos probatórios” e dinheiro: um total de 280.340 euros em numerário, “valores resultantes dos ilícitos praticados”, revelam as autoridades.
Neste caso, um processo que corre no DIAP de Leiria, o suspeito foi constituído arguido e aplicado o termo de identidade e residência.
Todavia, a PJ cumpriu ainda um mandado de detenção pendente, “para cumprimento efetivo de pena de prisão de 3 anos e 6 meses pelo crime de burla qualificada e falsificação de documento”. Assim, o homem acabou por ser conduzido ao Estabelecimento Prisional de Leiria.
Luciano Oiticica Lemgruber disse:
Ladrão que rouba Ladrão. Bem feito para os empresários que também deveriam responder criminalmente pois tentaram vantagens em vima dos outros que escolheram as gias corretas. Também deveria se investigar quantos conseguiram e se teve interferência.
VP disse:
Por ser ex-Autarca, portanto representante das Instituições, não deverá haver limitações quanto à divulgação de dados pessoais. Sendo amplamente conhecido que ele é um ex-representante das Instituições e que está sob investigação por fraude e extorsão, por que deveria ser protegido pela privacidade? Ou os factos são tratados sem referências precisas, em perfeito anonimato pelo menos até à condenação, ou então permanece difícil interpretar esta semi-confidencialidade. O fato é curioso…