Neste tempo em que o instantâneo faz a substância dos dias, onde se acumulam modas e tendências, tudo é demasiado efémero e descartável. As organizações traduzem o alfabeto summit dos unicórnios, revelando a transitoriedade dos interesses, o comodismo da inércia e a crítica fácil.
O individualismo impera como o alfa e o ómega de uma era onde a incerteza abala toda uma cultura em acelerada transformação. A longevidade é um paradoxo, na medida em que é uma conquista que alastra entre os membros da humanidade, mas escasseia nas organizações, mesmo naquelas onde se multiplicam sonhos construídos com a soma de certezas feitas para lá dos medos.
Chegar aos 150 anos com a vontade de querer agarrar o infinito é um feito único e extraordinário em qualquer parte do mundo, um acontecimento mais raro ainda se estivermos a falar de uma organização nascida e mantida numa aldeia da periferia de Leiria. SAMP é o nome em formato abreviado da Sociedade Artística Musical dos Pousos, uma instituição que acolhe e forma, promove e integra, cuida e empodera.
A SAMP tem uma história rica e sempre esteve à frente do seu tempo. Nasceu com o Barão de Viamonte e o entusiasmo de Eça de Queiroz , mas foi com o povo que se afirmou e cresceu. Nas últimas décadas desenvolveu-se e arriscou em novas áreas, assumiu-se como conservatório, respondeu às necessidades de novos públicos e passou a ser até aquilo que, num toque de modernidade, se designa por incubadora, fomentando experiências e saberes no campo das artes e da intervenção social. Alguns destes projetos ganharam asas e autonomia, mas continuam sempre associados à SAMP.
A velha Sociedade Artística Musical dos Pousos faz mais um aniversário e continua afinada a marchar. Como revelamos nesta edição, aos 150 anos a SAMP tem o futuro todo pela frente. Parabéns.