Discutir os caminhos da atividade cultural descentralizada é o objetivo do oitavo encontro Descampado, que decorre entre 15 e 17 de dezembro em Leiria, juntando estruturas de criação, responsáveis do poder local, decisores políticos e investigadores da área.
Com abrangência e representatividade em quase todo o território nacional, a plataforma associativa criada em 2021 e que hoje congrega 20 estruturas artísticas procura fazer pontes entre agentes culturais e representantes autárquicos e de estruturas descentralizadas do Estado.
“Parece-nos que falta um bocadinho juntar as pessoas e tentar perceber e discutir com elas, porque de um lado e do outro há problemas, há obstáculos, há sempre muita burocracia, às vezes algum desconhecimento da forma como trabalhamos, como se trabalha de um lado e de outro e como é que se pode simplificar”, disse à agência Lusa Isabel Craveiro, da direção da Descampado e diretora artística da companhia O Teatrão, de Coimbra, um dos associados da plataforma.
A Descampado, “que tem um número significativo de associados que são estruturas de criação descentralizadas”, vai procurar em Leiria “aproximar estas pessoas e tentar um diálogo”, a partir “da relação entre aquilo que é o poder local e a criação artística e as políticas culturais para o território”, no caso, a região centro.
“Portanto, nós temos as maiores expectativas para o encontro”, acrescentou Isabel Craveiro.
No Centro, há “grandes assimetrias, apesar de tudo”, pelo que há que discutir “os problemas que existe”.
“Há exemplos muito bons e há exemplos muito maus naquilo que são políticas locais para a cultura ou a inexistência das mesmas”, nomeadamente no que respeita ao financiamento, equipamentos ou mediação de públicos.
“Todas estas questões são muitíssimo importantes e há muito trabalho que é desenvolvido nos municípios, pelas associações e pelos agentes culturais. Esta troca de experiências e troca de trabalho é, digamos assim, uma marca da fundação da Descampado”, disse a responsável.
A par do encontro, a Descampado abre ao público a sessão de sábado de manhã, no mimo – Museu da Imagem em Movimento, para partilhar, a partir das 10 horas, as intervenções de especialistas convidados.
Cláudia Pato Carvalho, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, falará sobre como o mapeamento cultural “pode ajudar a preparar o terreno para se poderem fazer projetos e ter uma noção melhor daquilo que devem ser as políticas aplicadas a cada território”; Manuel Gama, investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, e Rui Matoso, professor de Gestão Cultural, vão abordar a relação entre poder autárquico e a produção, a programação e a gestão cultural dos territórios.
Neste momento, são sócios da Descampado A bruxa Teatro, Alma d’Arame, ASTA, Baal17, Cães do Mar, Chão de Oliva, Companhia João Garcia Miguel, d’Orfeu AC, ESTE – Estação Teatral, Imaginar do Gigante, Jangada Teatro, Krisálida, Leirena Teatro, Lendias d’Encantar, Mákina de Cena, Mãozorra, Teatrão, Teatro Estúdio Fontenova, Teatro Ibérico e teatromosca.