O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) registou na terça-feira o maior número de doentes admitidos este ano em todas as suas urgências, 658 no total, reconhecendo “alguns constrangimentos” na Urgência Geral, revelou ontem a unidade de saúde.
Numa informação enviada à agência Lusa, o CHL reconheceu “a ocorrência de alguns constrangimentos no Serviço de Urgência Geral”, nomeadamente na terça-feira, “por elevada afluência de utentes”, sobretudo “por infeções respiratórias, à semelhança do que está a acontecer noutras regiões do país”.
Ainda segundo a mesma informação, na terça-feira o CHL registou “o maior número de doentes admitidos este ano em todas as suas urgências”, 658 utentes.
Segundo o CHL, a Urgência Geral “teve as suas escalas médicas asseguradas, como previsto, embora tenha apresentado períodos com dificuldades em que, devido à sobrelotação de doentes e diminuição de recursos humanos, teve limitações no seu acesso, verificadas na área médica, em períodos restritos e contidos”.
“Nestes momentos específicos foram encaminhados doentes para outros centros hospitalares, tal como acontece noutras alturas o CHL receber doentes de outras unidades hospitalares, dado que os hospitais do SNS [Serviço Nacional de Saúde] funcionam em rede, sendo a colaboração entre as várias instituições uma virtude deste sistema”, assinalou.
O CHL destacou que “continua a verificar-se que 40% dos utentes admitidos são triados pouco ou não urgentes”, apelando à população para que, em caso de doença, ligue para a Linha SNS 24 (808242424), que “disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença e medicação, privilegiando os serviços de urgência hospitalar para as situações emergentes e muito urgentes”.
O CHL garantiu que os seus profissionais “continuam a fazer o seu melhor na prestação de cuidados” e antecipou que, “durante os próximos dias, a afluência de utentes se mantenha elevada, tendo em conta a época de frio, propícia à alta incidência de gripes e infeções respiratórias mais graves, o que pode aumentar consequentemente os tempos de espera”.
O Centro Hospitalar de Leiria integra os hospitais de Leiria, Alcobaça e Pombal, e serve uma população de cerca de 400.000 habitantes.
A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) revelou esta quarta-feira, dia 27, que os médicos estão a praticar “medicina de catástrofe” em várias unidades onde o volume de doentes é excessivo na última semana do ano.
“O encerramento e condicionamento de quase metade dos Serviços de Urgência (SU) de norte a sul do país foi algo que se tornou trivial neste Ministério da Saúde liderado por Manuel Pizarro, que não teve a competência de conseguir atrair e fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde, num ano em que o número de médicos reformados atingiu o pico de 822”, afirmou a estrutura sindical, em comunicado.
De acordo com a Fnam, os médicos estão sobrecarregados e “sem condições adequadas ao exercício das suas funções”.
No caso do hospital de Leiria, a Fnam avançou que a situação se tornou particularmente grave, com serviços dependentes de apenas dois médicos especialistas e dois internos de formação geral, que “não têm a experiência necessária para, com a necessária segurança para os doentes, praticarem atos médicos de forma autónoma”.
“Durante a noite da véspera de Natal, todo o hospital esteve entregue a um especialista, dois generalistas e dois internos do 1.º e do 2.º ano. Todas as outras especialidades de urgência estavam encerradas: Cardiologia, Ginecologia, Cirurgia, Pediatria. A Medicina Interna esteve fechada desde a noite de 24 e, mesmo assim, não pararam de chegar urgências por meios próprios e doentes por ambulâncias sem contacto com CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes], aumentando o risco médico-legal para os médicos e a segurança dos doentes”, alegou a Fnam.
VP disse:
Se for útil, fornecerei alguns dados de comparação. Em Itália, tanto no inverno como no verão, o número de pessoas que recorrem às urgências é muito elevado e são maioritariamente idosos e imigrantes. Ambos, por motivos diferentes, às vezes são levados ao pronto-socorro por uma sensação de abandono e pela necessidade de se sentirem parte de algo. Sendo este um problema sem solução fácil e imediata, poderia ser montada uma triagem para fazer no local o que os médicos de família não conseguem fazer, ou seja, verificar o estado real do paciente que, se for imaginário, pode ser mandado para casa com uma aspirina e uma carícia, para que o pronto-socorro esteja realmente pronto e disponível para quem realmente precisa. Não sendo médico posso estar errado, e muito, mas sinceramente não vejo toda esta dificuldade em organizar um “melhor sistema” de acesso às urgências…estou errado?