A associação ambientalista Milvoz denunciou o corte de várias centenas de azinheiras em área classificada como Rede Natura 2000 no concelho de Alvaiázere, estando a Câmara a averiguar se foi cometida alguma ilegalidade.
“Estamos a falar de várias centenas, desde azinheiras de porte arbustivo a azinheiras já de porte consideravelmente arbóreo”, afirmou hoje à agência Lusa o vice-presidente da Milvoz – Associação de Proteção e Conservação da Natureza, Manuel Malva.
Segundo Manuel Malva, tratam-se “certamente, de várias centenas, até porque a intervenção decorre ao longo de alguns quilómetros, na estrada que liga Pelmá a Loureira”.
“Vemos esta intervenção com bastante estupefação, porque ainda que saibamos que está a ser implementado um plano de execução de faixas de gestão de combustível, esta zona é particular, dado que estamos a falar de um território classificado ao abrigo de diretivas europeias, nomeadamente que acolhe um habitat protegido, que é o azinhal, protegido por legislação nacional e internacional”, alertou o biólogo.
O dirigente salientou que a associação esperava, “pelo menos, que houvesse um cuidado reforçado ao intervir nestas áreas”, mas o que ocorreu “é uma intervenção completamente descuidada, muito pouco criteriosa e é um autêntico desrespeito” da proteção da azinheira.
De acordo com Manuel Malva, além das azinheiras cortadas, há outras “mutiladas de uma forma muito pouco profissional ou sequer cumprindo critérios técnicos básicos, num território que devia fazer desta espécie” a sua bandeira.
“Muito provavelmente esta intervenção está legal, só que, apesar de estar legal, é uma má prática que está a ser levada a cabo de norte a sul do país e que está a ser feita sem nenhum tipo de critério, não está a ter em conta os valores naturais”, declarou, considerando que, no caso da situação de Alvaiázere, se está perante “mais uma implementação cega desta lei das faixas de gestão de combustível”.
A Milvoz fez uma exposição da situação ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
À agência Lusa, o presidente da Câmara de Alvaiázere, João Paulo Guerreiro, adiantou que o município fez um “contrato para as faixas de gestão de combustível”, mas, na sequência das imagens divulgadas pela associação ambientalista, “foi dada a indicação aos serviços para analisarem a situação e verem se, efetivamente, existe ou foi cometido por parte da empresa algum tipo de ilegalidade”.
“A informação preliminar que me deram é que em princípio parecia ser o desbaste vertical e de espécies arbustivas, agora eu dei indicações para ser analisado”, adiantou.
Fonte da GNR acrescentou à Lusa que foi rececionada no dia 29 de dezembro de 2023 a denúncia, que está a ser analisada pelo Núcleo de Proteção Ambiental do Destacamento Territorial de Pombal.