Passeando pela chamada “zona histórica” de Leiria procurando fazer as compras natalícias verifiquei duas coisas: (i) muitas lojas fecharam; (ii) dizem-me quando não encontro o que quero que vá ao shopping.
Lembro que há uns anos o nosso saudoso Jorge Estrela dizia que no Centro Histórico de Leiria só se vende aquilo que não queremos comprar. Sabemos que o shopping tem uma política de “comércio”, i. e., procura que, nas suas instalações, se mantenham boas lojas e com produtos diversificados não deixando, por exemplo, que comércios semelhantes se instalem próximos. Tem mesmo uma empresa do grupo que só faz isso.
Lembrei-me que a Câmara Municipal de Leiria (CML) poderia ter a mesma política, começando por criar a figura de “gestor comercial” do centro histórico (como de resto naturalmente o shopping tem).
Esse gestor, que prestará contas e dará explicações públicas, tenta falar com vários tipos de comércio para os motivar e tornar mais atrativo comercialmente o nosso centro histórico dinamizando o seu tecido comercial. Procurará unir e envolver o mundo dos retalhistas como uma alavanca para o dinamismo do centro histórico. Mobilizará os investidores. Conceberá e aplicará um plano global de dinamização da oferta económica. Tal como se faz num shopping e em muitas cidades como em Paris ou em Montreal, por exemplo.
Poder-se-ia chegar à situação transitória de a CML vir comprar, ou alugar, lojas no centro de Leiria, alugando-as depois para tipos de comércio que não existem ainda no centro histórico e que tenham qualidade, como se faz em alguns bairros de Paris. Chegará mesmo a não autorizar, por exemplo, a abertura de novas agências bancárias, etc.
Ricardo Charters d’Azevedo
Leiria