Há pessoas que fazem a diferença no nosso mundo. Que plantam a esperança e que partilham o seu coração com os mais pobres. É o caso da nossa amiga Drª Helena Vasconcelos.
Para além do seu enorme coração e do seu gigante profissionalismo como médica, é um grande ser humano, sempre muito atenta aos outros. Desde que a conheci, percebi rapidamente que estava diante de alguém muito especial.
Estas minhas palavras vêm a propósito da sua última visita a Angola, mais concretamente à Missão do Gungo Alto, no Cuanza Sul. Não teve medo de partir. De deixar para trás todos os comodismos a que já nos habitou a nossa Europa, e de coração aberto, ir conhecer outro mundo, onde a pobreza é a marca de todos os dias. Mas onde existe um povo maravilhoso, simples, humilde e sedento de Deus.
Chegada aqui, e como médica, com certeza que rapidamente sentiu, na pele, e no seu coração, as enormes dificuldades deste povo, a todos os níveis. E claro está, também a nível da saúde e dos cuidados básicos.
Não cruzou os braços e, como boa samaritana que é, abaixou-se, tocou as feridas, curando-as com muito amor e com muita sabedoria. Não ficou indiferente a tantos sofrimentos e, com certeza, que se sentiu impotente perante imensos desafios de procurar ajudar e a desenvolver. A fazer algo, para deixar o mundo um pouco melhor.
Não teve medo de descalçar as sandálias da Europa e calçar os chinelos de África e deste povo tão maravilhoso.
Sei que não vai ficar por aqui, pois o seu coração terá ficado inquieto. E quando assim é, faremos tudo para continuar a ter gestos simples, mas de grande alcance, para podermos continuar a acreditar que a doação, a entrega e o serviço dos irmãos nos faz crescer interiormente e nos realiza plenamente.
Obrigado Drª Helena Vasconcelos por se ter disposto a fazer esta experiência missionária que ficará, para sempre, gravada no seu coração, com letras de ouro.
E quando assim é, tudo vale a pena porque, afinal, estamos a prolongar na existência dos nossos irmãos, o que o nosso grande Mestre nos ensinou: “Tudo o que fizerdes a um dos mais pequenos, é a mim que o fazeis”.
Twapandula chiwa (tradução livre de Nianja para português “Nós quebramos o gelo”).
Nuno Miguel Rodrigues
Padre missionário, Leiria