Conta a lenda que, após a construção do Convento de Santo António dos Capuchos, um cego ali se dirigia com frequência para pedir a Santo António que lhe devolvesse a visão. Um dia, cansado de não ser atendido, rogou ao orago que – do mal o menos – lhe devolvesse a vista pelo menos num só olho. É inspirado nessa lenda que o ator, encenador e dramaturgo Carlos Vieira criou a personagem de Fernando Boavista, o homem que, no festival A Porta, conta ao público a história do Convento de Santo António dos Capuchos.
A primeira apresentação foi no domingo e correu bem. “As pessoas foram aderindo, foram ganhando interesse”, conta o ator, que, nesta peça, criada para o festival que decorre até dia 16 de junho assume uma estratégia:
“Como as pessoas não se interessam muito por História em geral, então tento tornar isto mais sensacionalista do que informativo, para agarrar a atenção das pessoas”. Depois de captar o público por essa via, partilha informação, “e assim ficam a conhecer a história”.
O convite d’A Porta foi para reinterpretar a história do Convento, desde a construção até hoje. Carlos Vieira, aliás, Fernando Boavista, resolveu recuar mais ainda. “Conto a história daquele sítio desde 1554, muito antes de ser construído, porque a população leiriense já o desejava há muito tempo”.
A partir daí percorre todas as ocorrências ali verificadas, desde a construção, que iniciou em 1652, passando pelo terramoto de 1755, as Invasões Francesas, as Guerras Liberais, a extinção das ordens religiosas ou o estado de abandono a que chegou aos nossos dias. “Tento criar uma ligação entre todos, porque as coisas não acontecem do nada”.
Sábado, dia 15, a partir das 16h30, Fernando Boavista regressa à Porta para contar novamente, de forma cómica, as venturas e desventuras do monumento. E, quem sabe, pedir a Santo António a visão para o outro olho.
O festival prossegue com múltiplas atividades até domingo. Toda a programação disponível em https://2024.festivalaporta.pt.