Das 67 praias do país que já foram interditas ou com banhos desaconselhados ou proibidos desde o início dos respetivos períodos de época balnear, oito são do distrito de Leiria.
A associação Zero alertou esta quarta-feira para o agravamento da qualidade da água nas praias portuguesas, comparativamente com os resultados relativos ao ano passado.
“Existem atualmente 664 águas balneares cuja monitorização é reportada, com um número limitado de praias a revelarem problemas, mas de forma mais expressiva do que na época balnear passada”, com registo de mais 17 praias com banhos desaconselhados ou proibidos, adianta a Zero em comunicado.
Segundo informação partilhada através do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, e pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as interdições devem-se à deteção de contaminação microbiológica aquando da realização de análises regulamentares.
“Nestas zonas balneares as análises ultrapassaram os limites fixados tecnicamente a nível nacional relativamente a, pelo menos, um dos dois parâmetros microbiológicos que são avaliados (Escherichia coli e Enterococus intestinais)”, aponta a associação Zero, adiantando ter havido ainda registo da presença da bactéria Salmonella em diversas praias interiores.
Desde o início da época balnear, foram também interditadas mais 13 praias do que em 2023, a maioria por “má qualidade”, sendo 15 costeiras e 26 interiores.
Entre as águas balneares que apresentaram maior número de situações de água imprópria para banhos, surge, no distrito, a Praia da Vieira, na Marinha Grande, com duas ocorrências, a primeira entre 27 de junho e 1 de julho e a segunda de 24 a 26 de julho, num total de oito dias.
Também as águas de Molhe Leste de Peniche revelaram no início do mês de junho contaminação microbiológica, tendo sido interditada a banhos entre 3 e 5 de junho.
Já em Alcobaça, os banhos na praia de S. Martinho do Porto foram desaconselhados na semana de 18 a 23 de junho devido à presença de Enterococus intestinais.
A norte do distrito, foram interditadas a banhos pelas autoridades de saúde, cinco praias fluviais, nos dias 1 e 2 de agosto: Poço Corga (Castanheira de Pera), Ana de Aviz e Fragas de S. Simão (Figueiró dos Vinhos), Mega Fundeira e Mosteiro (Pedrógão Grande). Nesta última, os banhos foram também desaconselhados na primeira semana de julho.
Em todos estes casos, apenas o serviço municipal de Proteção Civil de Pedrógão Grande recorreu às redes sociais para divulgar publicamente, na passada semana, a interdição das duas praias e os respetivos motivos. Na sexta-feira, à noite, informou ainda que a medida tinha sido levantada após a realização de novas análises, indicando que “os valores microbiológicos estavam dentro dos padrões de qualidade, deixando assim de haver risco para a saúde dos banhistas”.
Neste âmbito, a Zero lamenta, por sua vez, a existência de “falhas na informação que é disponibilizada no sítio da Internet da APA”, uma vez que “nem sempre se esclarecem devidamente os motivos de interdição das zonas balneares e os procedimentos por parte dos delegados regionais de Saúde”.
A associação defende, assim, a necessidade de se “averiguar as causas” e, “acima de tudo, prevenir a contaminação” nas praias interiores que foram proporcionalmente mais afetadas. O mesmo acontece nas zonas balneares que “sofreram um desaconselhamento ou interdição durante a presente época balnear”, mas que “têm classificação excelente”.
“Em cada um dos casos é fundamental identificar a origem dos problemas e averiguar responsabilidades, desempenhando a APA e a Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território um papel decisivo”, sustenta a Zero.
Como ponto positivo, a associação ambientalista destaca o facto de nenhuma das 59 praias classificadas pela associação como “Praia Zero Poluição” ter apresentado “problemas significativos de qualidade de água” ou ter sido “abrangida por interdição associada à ultrapassagem de parâmetros microbiológicos”.