O músico César Cardoso lança no sábado, em Leiria, o segundo volume de “Teoria do jazz”, uma edição que dá a conhecer o método utilizado pelo investigador para fazer arranjos para “big band”.
Saxofonista, professor de saxofone, teoria, combo e ‘big band’, César Cardoso é também maestro da Orquestra Jazz de Leiria. Nos últimos anos, tanto para esta formação como em encomendas para outras, contabiliza no currículo mais centena e meia de arranjos, em que adaptou temas de compositores de diversos géneros para serem tocados por orquestra.
“De ‘big band’ já fiz mais de 170 arranjos, é uma coisa de loucos. [Em Portugal] Devo ser quem tem mais arranjos feitos para ‘big band’, para a Orquestra Jazz de Leiria e outras”, disse à agência Lusa.
David Fonseca, Luísa Sobral, Ray Charles, Wayne Shorter, Amália Rodrigues, Willie Nelson, Miguel Araújo, George Gershwin, José Luís Tinoco, Miguel Gameiro, Jorge Palma, João Gil, António Pinho Vargas ou Herman José são alguns dos autores de composições já adaptadas por César Cardoso.
Segundo o compositor e maestro, no exercício de arranjador “o mais complexo é dosear o bom gosto”, porque “é algo que é muito específico de cada um”.
“Mas, desde o início, tenho tentado que, mesmo que mude um bocadinho a estrutura do tema, que não perca a característica daquele tema em si ou tenha referências ao tema, como uma referência rítmica ou melódica. É difícil dosear e saber até onde se pode ir”, admitiu.
No processo, César Cardoso tenta que “a essência não se perca. E isso é muito difícil”, assume.
“Vejo isto como um Lego enorme, em que sabemos que peça temos de pôr para a música fluir. E isso vai-se ganhando. Agora não penso muito nisso, já consigo fazer logo e depois é só por as mãos à obra. Consigo fazer um arranjo em um, dois dias; antes isso era impensável”, recordou.
O novo volume de “Teoria do jazz” “complementa o primeiro com matéria que existe sobre o jazz e temáticas que não se falam muito”, como “fazer arranjos ou análise de temas”.
“Teoria do jazz – volume II” surge oito anos depois do primeiro livro, pioneiro em Portugal no ensino deste género musical, e que teve tradução para inglês e espanhol em 2023.
O autor surpreendeu-se com a aceitação registada pelo primeiro volume, procurado por “estudantes não só de jazz, mas também de música clássica, guitarristas de fado e até [intérpretes de] música pimba e pop-rock”.
César Cardoso acredita que isso aconteceu porque “quem toca jazz, toca qualquer estilo, porque é um estilo muito completo”.
O segundo volume de “Teoria do jazz” conta com prefácio de Mário Laginha e é lançado no sábado na livraria Arquivo, em Leiria, a partir das 17 horas.