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Sociedade

Associação de Jazz de Leiria mantém no cargo presidente acusado de assédio verbal

A AJL, que gere a Escola de Jazz de Leiria e a Orquestra Jazz de Leiria, refere que “nunca o presidente desta associação (ou qualquer outro docente) foi alvo de qualquer queixa por parte de docentes ou alunas da Escola de Jazz de Leiria”.

Foto de Arquivo

O presidente da Associação de Jazz de Leiria (AJL), César Cardoso, um dos alegados autores de assédio no meio artístico, vai continuar em funções, mesmo após ter colocado o lugar à disposição, informou hoje a instituição.

Segundo comunicado da AJL, foi pedida uma reunião com César Cardoso depois de o nome deste ter surgido em notícias na sequência de “publicações individuais em redes sociais”, como estando “associado a alegadas denúncias de assédio verbal, alegadamente ocorridas em 2022, na Escola Luiz Vilas Boas (Hot Clube de Portugal)”. 

Na reunião, César Cardoso prestou “todos os esclarecimentos solicitados”, tendo a direção deliberado, por maioria, “pela não destituição do presidente”, embora “o visado tenha colocado o lugar de presidente da AJL à disposição”.

A AJL, que gere a Escola de Jazz de Leiria e a Orquestra Jazz de Leiria, ambas também lideradas por César Cardoso, refere ainda que “nunca o presidente desta associação (ou qualquer outro docente) foi alvo de qualquer queixa por parte de docentes ou alunas da Escola de Jazz de Leiria”.

A direção da instituição “condena, veementemente, os alegados comportamentos denunciados na comunicação social”, considerando ser “nos tribunais que tais atos devem ser julgados”.

“As situações relatadas nas redes sociais sobre os abusos cometidos na comunidade do jazz em Portugal, devem ser levadas à justiça com a maior celeridade possível, apurando-se, no local próprio, as devidas responsabilidades”, acrescenta-se no comunicado.

Desde a semana passada vieram a público, através da partilha de testemunhos nas redes sociais, denúncias de casos de violação, abuso sexual e assédio no meio artístico, nomeadamente na área da música, em particular no jazz.

Vinte e sete pessoas do meio artístico foram identificadas em denúncias de assédio, abuso, violação e agressão, comunicadas depois de a DJ Liliana Cunha, que assina com o nome artístico Tágide, ter tornado pública uma acusação contra o pianista de jazz João Pedro Coelho.

O pianista refutou as acusações e reclamou “total inocência”, numa publicação no Instagram.

A propósito da denúncia, o Hot Clube de Portugal (HCP) esclareceu que o pianista visado cessara funções na escola no ano letivo de 2022/23, referindo que “o caso reportado [de Liliana Cunha] não está relacionado com a instituição”.

No entanto, a direção do HCP revelou terem sido identificadas “duas situações de assédio no passado ano letivo de 2021/22”, que levaram “ao afastamento dos professores em causa”.

Criada em 2011, a Associação de Jazz de Leiria tem órgãos sociais constituídos por 12 homens e uma mulher, a segunda secretária da mesa da assembleia geral.

A tomada de posição da AJL sobre as suspeitas que dizem respeito ao presidente originaram, na semana passada, o pedido de demissão de um dos vogais da direção.

O vibrafonista Paulo Santo, um dos fundadores da AJL, afastou-se também da Escola de Jazz de Leiria, onde dava aulas, e da Orquestra Jazz de Leiria, que no sábado tem um concerto agendado para Leiria, no Teatro José Lúcio da Silva, com Paulo de Carvalho.

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