Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Leiria vão investir mais na rede de abastecimento de água, segundo o orçamento para 2025, aprovado na última reunião de Câmara com os votos contra da oposição.
O vereador Ricardo Gomes (PS) adiantou, na última reunião de executivo, na terça-feira, que o Orçamento dos SMAS para 2025 é de 29,5 milhões de euros (ME).
“Relativamente ao plano plurianual de investimento está prevista uma mudança de paradigma, ou seja, vamos passar a investir mais ao nível da rede de abastecimento de água e não tanto ao nível do saneamento”, revelou.
Segundo o autarca, os serviços têm dedicado mais atenção à expansão da rede de saneamento no concelho, que se irá manter, mas de forma mais lenta, devido à necessidade de requalificar a rede de abastecimento de água “atendendo à idade das infraestruturas”.
“Temos algumas condutas de fibrocimento que têm que ser substituídas, porque são tubagens frágeis”, acrescentou, ao referir que a intervenção decorrerá nos próximos quatro anos.
Ao nível da rede de abastecimento de água para o ano 2025 estão previstos investimentos na ordem dos 4,5 ME e para os sistemas de drenagem de águas residuais de 2,5 ME.
Ricardo Gomes disse ainda que, ao nível do abastecimento de água, a acessibilidade da população é praticamente de 100%, sendo que “apenas 87% estão ligadas a essas infraestruturas”. A maioria das pessoas que não aderem são “residentes nas freguesias mais rurais, porque têm captações próprias”.
Já a cobertura dos sistemas de drenagem de águas residuais é de 94%, com 80% de adesão ao serviço.
“Quem não tem ligação à rede de saneamento, porque não tem ou porque não quer, pode contratar o serviço para o esvaziamento das fossas, mediante requerimento aos Serviços Municipalizados, e pagar uma fatura mensal correspondente a esses serviços, tendo automaticamente direito a três vazamentos das fossas por ano”, sublinhou.
No próximo ano, está prevista a substituição de cinco mil contadores por contadores inteligentes na zona urbana da cidade de Leiria, “num investimento de meio milhão de euros e que tem como objetivo também monitorizar os consumos praticamente em tempo real”.
Esta é também uma medida para “combater a água não faturada”, devido às perdas que ocorrem na rede por roturas, muitas vezes, indetetáveis.
Em 2014, essas perdas rondavam os 42%, diminuindo cerca de 11% em 2024. “As perdas de água são inevitáveis. Se fossem fáceis de localizar não existiam, porque eram automaticamente reparadas. Com 1.800 quilómetros de rede era difícil detetar fugas, pelo que o SMAS fez uma setorização da rede, no sentido de perceber dentro daquela zona qual é a água que o SMAS coloca e qual é a água faturada. Com base nessa análise, conseguimos perceber quais as zonas para onde devemos direcionar o nosso investimento”, adiantou o autarca.
Ricardo Gomes anunciou ainda que está previsto investir cerca de 500 mil euros na reabilitação de redes e substituição de condutas de fibrocimento em algumas freguesias.
Outra preocupação são as alterações climáticas e a possível falta de água, o que levou os SMAS a apostar no aumento da resiliência dos serviços de abastecimento de água. “Existem várias fontes de captação de água subterrânea e temos de nos ligar a diferentes origens de água para, caso haja algum problema nessas fontes de captação, as pessoas não ficarem sem água”, revelou.
Por isso, estão a ser construídas mais condutas adutoras, num investimento superior a 2,3 ME.
O vereador independente eleito pelo PSD, Daniel Marques, criticou que só 0,6% das condutas com mais de dez anos foram substituídas. “Isso é um problema, porque as ruturas constantes têm a ver com a idade das condutas.”
Daniel Marques sugeriu ainda que se reforcem as campanhas de sensibilização para a poupança de água e para o uso de água de menor qualidade para regas ou abastecimento de carros dos bombeiros.