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Sociedade

Nova espécie de réptil primitivo identificada na Mina da Guimarota

O “Marmoretta drescherae” foi identificado por uma equipa formada por especialistas da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã, entre os vestígios recolhidos na mina de Leiria.

Vestígios de um outro pequeno réptil semiaquático, pertencente ao género 'Cteniogenys', enconhtrado também entre os vestígios recolhidos na Guimarota Foto: Nova FCT

A Mina da Guimarota continua a surpreender o mundo científico, mesmo várias décadas após o seu encerramento. Um estudo da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e do Museu da Lourinhã identificou uma nova espécie de réptil primitiva que viveu em Portugal há 150 milhões de anos.

A descoberta foi feita entre os fósseis recolhidos na mina de Leiria entre as décadas de 60 e 80 do século XX, nas campanhas realizadas na Guimarota por equipas da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha.

A nova espécie, Marmoretta drescherae, pertence ao género Marmoretta, que “representa o ramo primitivo da árvore evolutiva dos lagartos modernos”, refere em comunicado a Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da UNL, onde o paleontólogo Alexandre Guillaume conduziu o estudo no âmbito do seu doutoramento.

Até agora apenas estava referenciada uma espécie pertencente ao género Marmoretta, a Marmoretta oxoniensis.

“O Marmoretta drescherae não é um antepassado direto dos lagartos atuais, mas sim um representante primitivo de uma linhagem que se extinguiu no final do Jurássico”, sublinha Alexandre Guillaume, citado no comunicado da FCT/UNL, acrescentado que a “descoberta reforça a hipótese de que, no final do Jurássico, a América do Norte, a Europa e o Noroeste de África partilhavam faunas semelhantes, ao mesmo tempo que sugere diferenças ecológicas locais”.

Para este estudo, feito em colaboração com investigadores da Universidade espanhola de Saragoça, o paleontólogo Alexandre Guillaume analisou 150 fósseis armazenados no Museu Geológico, em Lisboa, que tinham sido encontrados na mina da Guimarota, em Leiria, “um dos mais ricos depósitos de microfósseis do Jurássico Superior”.

Com base na análise dos fósseis portugueses, por comparação com fósseis encontrados no Reino Unido e Estados Unidos, o trabalho liderado por Alexandre Guillaume confirmou, ainda, a presença na fauna jurássica de Portugal de um pequeno réptil semiaquático pertencente ao género Cteniogenys, embora “sem conseguir determinar se se trata de uma espécie diferente das já descritas noutras regiões”.

Alexandre Guillaume, que se dedica ao estudo da pequena herpetofauna (répteis e anfíbios) do Jurássico Superior de Portugal, e restante equipa analisaram fragmentos isolados de mandíbulas, crânios, membros e vértebras, numa reavaliação dos fósseis descritos nas décadas de 1970 e 1990 por paleontólogos da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, publicada na revista científica de acesso aberto “Acta Palaentologica Polonica”.

A Mina da Guimarota já permitiu várias descobertas, sendo uma das mais notáveis o Henkelotherium guimarotae, descoberto em 1976, que é particularmente importante porque revelou um sistema locomotor mais avançado do que se supunha nos primeiros mamíferos. Atualmente o achado está depositado no Museu Geológico de Lisboa.

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