A receita dos canudos de Leiria tem passado de geração em geração na família de Antonieta Brito, sem que se saiba de onde veio. A mãe usava-a em dias de festa.
Antonieta Brito e a irmã recordam-se de a ouvir dizer que não sabia de onde viera e desconhecem qual a razão de serem depositárias do segredo que se julga herdado das freiras do convento de Sant’Ana. A origem será esta. De uma permanência com cerca de trezentos anos no convento, o doce é um dos legados deixados a Leiria pelas religiosas que abandonaram a clausura em ?nais do século XIX.
Natural de Leiria, desde sempre ligada à cultura local e membro da direcção do Orfeão de Leiria desde 1981, Antonieta Brito decidiu oferecer um presente de Natal com grande carga afectiva ao ceder, para publicação, a receita que “sempre andou” por circuitos fechados da sociedade leiriense. Ainda que a tenham “aconselhado” a manter o segredo, considerou que devia divulgá-la.
O doce e a forma de o preparar são os mesmos de há séculos. A evolução que lhe acrescentou foi unicamente nos instrumentos usados: adaptou-os à cidade. “As canas davam muito trabalho a apanhar, limpar, cortar”, Antonieta Brito pediu, então, a um canalizador que lhe arranjasse pedaços de tubo de metal com cerca de 10 cm de comprimento por 1,5/2 de diâmetro. Com a espessura igual à das canas-da-índia que se apanhavam com facilidade na quinta, no tempo da mãe e durante a sua juventude, e que ainda se encontram em estado selvagem, nos terrenos em
volta de Leiria.
Ingredientes
Para a massa
250 grs. de farinha
70 grs. de manteiga
Água e sal qb.
Para o recheio
250 grs. de açúcar
100 grs. de amêndoas
1 fatia de miolo de pão
6 ovos
Como fazer o recheio
Pôr ao lume o açúcar até ganhar ponto espadana. Juntar a amêndoa ralada e o pão esfarelado. Deixa-se ferver, tira-se do lume e juntam-se os ovos. Volta ao lume para cozer os ovos.
Como fazer a massa
Amassa-se a farinha com a manteiga, a água e o sal. Depois de bem trabalhada estende-se com o rolo e cotam-se tiras da largura de um dedo.
Arranjam-se os canudos de cana (encontram-se nos terrenos onde crescem espontaneamente). Colocam-se as tiras de massa em espiral, sobrepondo-as um bocadinho e deixando um bocadinho dos canudos sem massa nos extremos.
Fritam-se em azeite e tiram-se das canas ainda quentes.
Enchem-se os canudos com o recheio e polvilham-se com açúcar e canela.
(texto publicado na edição de 16 de Dezembro de 2011)
Joel Rodrigues disse:
E assim, a cultura Leiriense fica mais rica! Obrigado!!
Rui Jordao disse:
Obrigado pela receita