O Partido Socialista vai hoje exigir ao Governo que acione um plano de emergência para a erradicação do fogo bacteriano, doença que ameaça destruir dois mil hectares de pomares de pêra rocha do Oeste.
“Vamos hoje mesmo questionar a ministra da Agricultura [Assunção Cristas] sobre esta situação que é muito grave e alertar para necessidade de um plano de emergência que controle e erradique a doença”, disse à Lusa o deputado socialista Miguel Freitas.
Os deputados socialistas da Comissão Parlamentar de Agricultura visitaram hoje pomares de Alcobaça, Cadaval e Torres Vedras, e foram sensibilizados por produtores de pêra rocha para o perigo de contaminação de fogo bacteriano a toda a região Oeste.
“Estamos perante uma bomba relógio em contagem decrescente”, considerou Miguel Freitas depois de visitar pomares e ouvir os produtores de pêra rocha.
Segundo o deputado, se não forem tomadas medidas com vista à rápida erradicação da doença, “corre-se o risco de ver afetados dois mil dos 10 mil hectares de pomar de pêra rocha”, que o representaria uma perda de “cerca de 20 por cento” da área de pomar entre Mafra e Alcobaça.
O setor que “representa 300 milhões de euros de faturação anual e 10 mil postos de trabalho” justifica, segundo o deputado, que “seja rapidamente acionado um plano de emergência que contemple apoios ao arranque das árvores e posteriormente a replantação das áreas afetadas”.
A doença, de propagação rápida e cuja erradicação obriga ao arranque das árvores e um impedimento de dois anos até à replantação, levou já à criação, na Assembleia da República, de um grupo de trabalho, sobre o qual os socialistas irão igualmente questionar a tutela.
“Queremos conhecer os resultados do trabalho desenvolvido por esse grupo”, bem como, “qual a capacidade instalada do ministério, no terreno, para fazer face a esta doença” afirmou Miguel Freitas.
Para além de Alcobaça e Torres Vedras, as duas zonas mais afetadas por fogo bacteriano, os deputados visitaram ainda pomares do concelho do Cadaval onde, “não há ainda registo de nenhum caso” mas, alerta Miguel Freitas, “a convicção dos produtores é que se trata apenas de uma questão de tempo” até que a doença surja.
Os deputados socialistas pretendem também “levar os produtores à Assembleia da República para alertar o Governo e o país para a necessidade de uma ação rápida”, que evite a propagação da doença “ao contínuo de pomar entre Mafra e Alcobaça” o que, significaria, “a ruína de toda a região”, conclui Miguel Freitas.
A doença conhecida como “Fogo Bacteriano” entrou na Europa na década de 60, sendo responsável pela destruição de pomares em vários países.
Em Portugal os primeiros casos apareceram em 2005 e, em 2010, a doença começou a afetar os pomares da região Oeste.
Lusa