O Tribunal de Leiria começou hoje a julgar um homem suspeito de ter matado, há cerca de seis anos, o ex-marido da mulher com quem vivia.
Na audiência, a sogra do arguido disse duvidar que este tenha atuado sozinho e acrescentou que, no dia 27 de janeiro de 2011, recebeu um telefonema do arguido a confessar o crime.
“O meu genro disse-me que a minha filha andava metida com o Fernando [falecido] e por isso tinha-o matado. Contou que tinha feito tudo sozinho, mas eu não acredito”, salientou.
A testemunha justificou a afirmação com a diferença de estatura de ambos: “O Fernando era uma pessoa mais forte, por isso ele não seria capaz de o matar olhos nos olhos”.
A filha da vítima contou que a mãe se tinha separado do pai em 1999, mas quando a mãe “se zangava com o marido” voltava para o seu pai e encontravam-se em sua casa. Segundo a filha, o pai também estaria noutro casamento.
Segundo o depoimento de um inspetor da Polícia Judiciária (PJ) e de uma agente da PSP, em janeiro de 2011, o arguido telefonou da Suíça à PSP e à PJ a confessar que tinha cometido um crime em 2005.
O inspetor contou que o suspeito se identificou ao telefone e assumiu que “tinha sido o responsável pela morte de uma pessoa que estava desaparecida”.
Inicialmente, o suspeito referiu que “tinha tido a participação da mulher no transporte do corpo, mas quando chegou a Portugal alterou essa parte do testemunho”, adiantou o inspetor.
O arguido indicou à PJ o local onde estaria o corpo.
O suspeito, natural de Pombal, está acusado de um crime de homicídio qualificado.
De acordo com o despacho de acusação, em agosto de 2005, o suspeito “desentendeu-se com a sua mulher (…), pelo que foi dormir a casa dos seus pais”, em Alpedriz.
No dia seguinte procurou contactar a mulher, “para tentar reconciliar-se com ela”, mas esta “nunca atendeu o telefone”. Dirigiu-se à sua residência e ter-se-á deparado com a companheira e o ex-marido desta.
O MP sustenta que o acusado de homicídio “tinha conhecimento” de que “estes mantinham encontros amorosos”.
O arguido afirmou ao coletivo de juízes que só falará após a leitura do relatório pericial, que deverá ser apresentado na próxima sessão.
O julgamento prossegue no dia 2 de março, pelas 13h30.
Lusa