A expressão “museu vivo” não podia fazer mais sentido. A par dos cântaros, arcas, salgadeiras, teares e lagares que pretendem representar as cenas do quotidiano rural do final do século XIX, o Museu Etnográfico do Freixial, na freguesia de Arrabal, Leiria, tem um burro que dá (mais) vida ao museu.
A residir há oito anos no curral da casa do Rancho, Ezequiel – assim se chama o animal – faz as delícias de quem visita o espaço.
E de burro, Ezequiel tem pouco. Gosta de mimos, sabe que recebe um bónus extra de palha sempre que alguém visita o museu e brinda-os com um zurrar carinhoso.
Aliás, é praticamente impossível alguém entrar no pátio da casa, sem que se aperceba rapidamente da sua presença. “É o “grito” de boas vindas que dá a todos os visitantes”, diz Vera Ferreira, membro do Rancho Folclórico do Freixial.
Seguem-se as festas no dorso do animal. A interação com Ezequiel acontece segundo o escalão etário dos visitantes. “As crianças sentem algum receio quando o veem, mas querem alimentá-lo, fazer festas e se pudessem levá-lo a passear, levavam. Aos mais velhos, o Ezequiel não capta a totalidade das atenções, mas também cativa, gostam de o ver e de lhe dar alguma coisa para comer”, refere.
Por agora, este é o único animal que existe no Museu, mas outros animais domésticos já passaram por lá em reconstituições históricas: galinhas, bois, cabras.
Diariamente, Veríssimo Bernardino, um antigo colaborador do Rancho, vai à casa alimentar o burro e, quando o tempo ajuda, oferece-lhe uma voltinha até ao pasto, onde pode saborear erva fresca.
Marina Guerra