Decorria o ano de 1984 quando se ouviu o tiro de partida para o primeiro triatlo em Portugal. Era feriado, 15 de agosto. A Peniche, entre uma multidão de pessoas e de automóveis, chegava aquela nova modalidade, uma combinação de natação, ciclismo e corrida, pela primeira vez praticada no país.
Entre os 30 atletas que participavam no I Triatlo Cidade de Peniche estava António José Correia, atual presidente da Câmara. “O bigode mantém-se mas agora é branco”, conta, entre risos.
Decidira inscrever-se na prova pelo desafio. Não se preparou especificamente para a prova e sentiu isso na pele: “Entrei na água e fiquei um pouco para trás porque havia excelentes nadadores; depois consegui recuperar algumas posições na bicicleta”.
A transição do ciclismo para a corrida revelou-se complicada: “Os músculos não estavam preparados. Tive ali 200 metros em que estava a aprender a correr”. No final, uma recompensa curiosa: “Comi melão fresco, soube-me mesmo bem”.
Naquela época, o trânsito não era cortado para a realização da competição, o que fazia com que os atletas tivessem que se desviar dos carros: “A polícia só estava nos cruzamentos, tínhamos que nos desenrascar”. António José Correia terminou a meio da tabela: “Gostei de participar e ainda fiz a prova mais um ou dois anos”.
Ao longo de 28 edições do Triatlo Cidade de Peniche, muitas alterações aconteceram. Paulo Carvalho, o vencedor, aponta uma grande evolução no triatlo, de 84 para a atualidade: “Houve uma altura em que achei que a bicicleta se ia partir toda por causa da velocidade a que ia e pelo piso. Agora as bicicletas são umas máquinas e o piso é certinho”. Que o digam Vanessa Fernandes que se estreou na modalidade na prova em Peniche, no ano de 1999. Ou João Pedro Silva, tricampeão europeu de sub-23, natural da Benedita, segundo em 2007.
Amanhã, sábado, a prova de triatlo mais antiga do país volta a Peniche, com 330 atletas a partir pelas 14h30 na marina da Ribeira, em Peniche.