No outro dia passei pela rua Direita e eis que ao meu lado me piscou o olho um belíssimo edifício que parece ter saído de uma qualquer cidade cosmopolita. Facilmente se imaginam os grupos de turistas a caminhar pela rampa enquanto olham discretamente para os skaters desafiantes.
Ao fundo a fachada de espelhos permite um olhar escurecido do castelo e da sua Leiria envolvente e, no meio de tamanho assombro, confesso que não deixei de pensar nas estratégias que se têm seguido.
Uma cidade que decidiu fazer um estádio quando o clube se divorciava dela e que decidiu fazer um Museu da Imagem e Movimento quando as salas de cinema começavam a perder público. Duas opções com supostas falhas nas premissas que demonstram resultados antagónicos.
No primeiro caso criou-se um terrível “elefante branco” sonegador de orçamentos e de juros e no segundo, aparentemente, dotou-se a cidade de um equipamento que tende a marcar uma posição e que tem desenvolvido um trabalho extremamente meritório com a população.
Se se faz é porque se fez, se não se faz é porque se devia fazer, nunca estamos contentes nem nunca entendemos o que leva uma autarquia a investir (ou a assegurar a continuidade de um investimento) em algo que não nos parece prioritário nos tempos de contenção que se vivem.
Espero que o Centro Cívico da rua Direita possa, a partir do limbo deste tipo de empreendimentos, pender para o sucesso, mas tem já o condão de colocar a cidade a pensar no que pode e deve acontecer naquele espaço. E isso, só por si, já é como estar a ganhar um a zero ao intervalo, ainda que o adversário tenha tido muito mais oportunidades de fazer o golo.
(texto publicado na edição em papel de 6 de julho de 2012)