A centésima peça do Te-Ato estreia este sábado, em Leiria. “Oru”, co-produção entre o grupo de teatro e a ‘dobrar, é uma história sem palavras sobre como se pode brincar na diferença.
“A ideia surgiu porque em vivo numa zona muito heterogénea em termos de culturas, que é o Martim Moniz, em Lisboa”, explica Ana Lázaro, responsável pela criação e interpretação de “Oru”.
Lá, a atriz passa pelo pátio de uma escola onde vê crianças chinesas, indianas e de outras nacionalidades a brincarem, sem que as diferenças entre elas sejam um problema.
“Foi esse o ponto de partida: se brincar é possível sem que haja esse contraste só porque as roupas são diferentes, a comida é diferente e as línguas são diferentes, porque não fazer um espectáculo que seja brincar com a diferença?”, explica Ana Lázaro.
A história tem em Oru a personagem principal. “A partir dos seus desenhos e imaginação, os espectadores são convidados a entrarem na história de Oru”, revela a autora. Depois, Oru encontra um amigo, Eri, de uma forma peculiar.
Depois do espectáculo, os espectadores mais novos são convidados a participar numa oficina de manualidades – e não só -, coordenada por Carla Freire, que é um prolongamento de “Oru”.
“Vamos explorar aí um bocadinho as ideias abordadas no espectáculo: o que acharam da história, o que mais gostaram… Vamos sobretudo construir ideias, mas isso pode materializar-se num planeta, que é aquele de que eles gostam ou gostariam de viver”.
Depois da estreia neste sábado, o espectáculo ficará em cena em Leiria mais alguns dias (consulte a agenda na página do Te-Ato – e dia 23 de julho, “Oru” tem entrada livre) e depois pode partir para qualquer lado:
“Pode estar em toda a parte. É um espectáculo sem palavras, não usamos a linguagem verbal. O objetivo foi mesmo esse: fazer um espectáculo que pode ser feito em qualquer lugar do mundo”, sublinha Ana Lázaro.
A associação da ‘dobrar ao Te-Ato tem ainda a particularidade de marcar a centésima produção do grupo de teatro de Leiria.
Para Ana Lázaro, “significa muito” contribuir para a peça 100 do Te-Ato:
“Quem o dirá melhor são aqueles que ano após ano estiveram aqui no Te-Ato a construir um trabalho sólido. Para nós significa muito representar esta centésima produção. A ‘dobrar está a constituir-se agora como uma plataforma artística. Fazer crescer uma ideia a par com uma estrutura que já existe e está sustentada faz todo o sentido”.