O Te-Ato completou 35 anos com Oru, a sua centésima produção. Parabéns a toda a companhia e, em especial, ao seu responsável artístico por saber manter o espírito criativo e a exigência de qualidade.
Há anos, quando os visitei, o grupo orgulhava-se de viver sem apoios estatais. Prezavam muito a sua independência. Mas penso que tanto o João Lázaro como o leitor concordarão comigo se disser que sem investimento público os nossos valores culturais correm sérios riscos de ser engolidos pela grande avalanche de modas e tendências.
Está em curso uma campanha de exigência de 1% do OE 2013 para as atividades culturais. Com a crise como pano de fundo, esta reivindicação pode parecer obscena. Mas cultura não é só artes performativas. É também a língua portuguesa e o património edificado. São também as pessoas e as instituições indispensáveis à criação artística, o pessoal de limpeza dos teatros, os conservadores dos museus, os rececionistas do cinema. E em última instância somos todos nós, espectadores e cidadãos.
Exigir que 1% do OE seja destinado às atividades culturais é reivindicar que essa percentagem do orçamento nos seja devolvida com juros. Melhor do que subscrever obrigações da PT ou da SONAE, exigir do nosso Governo 1% para a cultura é o investimento certo para garantir o nosso futuro como povo.
(texto publicado na edição de 10 de agosto de 2012)