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Sociedade

A felicidade é um direito e também um dever

Helena Marujo é da Nazaré, psicóloga e docente da Universidade Técnica de Lisboa, tem investigado a questão da felicidade

Helena Marujo é da Nazaré, psicóloga e docente da Universidade Técnica de Lisboa, tem investigado a questão da felicidade

Helena Marujo

A felicidade é um direito ou um dever?

Ambas: um direito e um dever. O direito à felicidade começa pelo direito a uma vida condigna do ponto de vista material (acesso a educação, trabalho, saude, casa com dignidade, possibilidade de escolhas e autonomia…), a sociedades justas e igualitárias, a ausência de corrupção politica, à participação democrática…tudo isto fatores que a investigação tem mostrado estar associado à felicidade do ponto de vista global. Mas do ponto de vista individual ela é também um dever, pois as pessoas mais felizes são mais prósociais e sociáveis, são mais produtivas, influenciam o clima emocional nas suas redes sociais, são mais saudaveis, são mais participativos na comunidade…por isso a influência de cada um é relevante, o que torna a felicidade um dever pessoal para quem vive em sociedade.

Há um segredo para atingir a felicidade?

O segredo para atingir a felicidade, se pensarmos em termos individuais, não é segredo, é algo que no fundo todos sabemos: “Os outros contam mesmo”. É às relações com as outras pessoas que vamos buscar o maior impeto para sermos felizes. A par disso, da importancia das outras pessoas para a felicidade ma nossa vida, as vidas mais felizes são vidas com sentido, com propósito, e habitualmente, uma vida com propósito é uma vida virada para o bem-comum, para a contribuição para o coletivo. Os sucessos e as emoções positivas também são importantes na formula da felicidade, mas é uma vida mais auto-motivada, comprometida, onde pomos o nosso melhor em acção, e essa acção é uma acção ética e com significado, que mais nos preenche e realiza.

Por que razão ainda é segredo?

Não é segredo…as pessoas sentem, intuem isto. Se pararmos para refletir no que vale a pena nas nossas existências, o segredo deixa de ser segredo, porque é muitas vezes claro, excepto para os mais materialistas. É que as sociedades atuais, focadas no mercantilismo da vida e na “economização” das nossas trocas e metas, fizeram-nos focar no materialismo da existencia, na comparação social com um sentido de urgencia de atingir mais metas e ter mais, e estamos só agora, com a ajuda da ciência, a confirmar o que realmente faz importância para as nossas felicidades. Percebemo-nos distraidos do que nos move e motiva, realiza e faz sentir grato. Ás vezes precisamos mesmo de crises para relembrar o essencial da vida, re-herarquizar os valores, sublinhar e investir no essencial da existência. E depois de termos as necessidades básicas resolvidas – sim, repito que essas são essenciais para se ser feliz, e que, por exemplo, experiências como o desemprego são altamente demolidoras dos niveis de felicidade – é o tempo uns com os outros, é a dadiva, a entreajuda, a comunhão de ideias e de bens, a simplicidade da natureza, de um abraço ou gargalhadas, ou de um palavra de alguém, que nos mobiliza.

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