Os proprietários do edifício O Paço, onde está instalada a Zara, querem reabilitar o centro histórico através de um fundo de investimento imobiliário, iniciativa apoiada pela Câmara Municipal de Leiria.
O processo tem dois meses. A FundBox está a analisar “o melhor modelo financeiro” e tenciona “colocar o dossiê para aprovação a curto prazo”, segundo João Paulo Safara, um dos administradores da sociedade com sede em Lisboa.
Os promotores pretendem um fundo de capitais públicos e privados, que carece de autorização da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e cujo valor mínimo, por imposição legal, é de cinco milhões de euros.
O objetivo é reabilitar para arrendamento ou venda e está prevista a candidatura ao programa Jessica, instrumento da União Europeia vocacionado para o financiamento da regeneração urbana.
“A nossa ideia é que os privados possam colocar os seus imóveis no fundo, recebendo em troca unidades de participação. Quem quiser poderá investir em dinheiro”, diz João Paulo Safara, explicando que a reabilitação “tem que ser feita por blocos” de várias frações, pois “a dispersão é cara e em grande parte ineficiente”.
A FundBox está já a intervir na zona histórica de Coimbra, justamente através de um fundo imobiliário, o Coimbra Viva I, modelo que deseja replicar em Leiria.
Raul Castro, presidente da Câmara, não quis pronunciar-se sobre este assunto. Dados fornecidos pelo município ao REGIÃO DE LEIRIA apontam para a existência de quase 500 imóveis no centro histórico, mais de uma centena devolutos. Desde 2005, foram beneficiados 36 edifícios, mas há 19 em risco de ruína parcial ou total.
(Notícia publicada na edição de 21 de setembro de 2012)
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt
Jota disse:
Se a reabilitação for do mesmo modelo do edifício Zara, temos de dizer Não!
Destruir os interiores deixando apenas fachadas não é reabilitação, é destruição de património.
Poderá ser benéfico para a cidade mas muita atenção em que termos vai ser negociada esta parceria, normalmente quem perde são os constribuintes, neste case muníncipes. Pede-se escrutínio da sociedade civil.
Duarte disse:
Compreendo o seu ponto de vista, mas relativamente ao edifício O Paço não posso concordar consigo uma vez que alberga uma loja de grandes dimensões e como deve calcular muito provavelmente o interior do antigo Paço Episcopal não seria compatível com o interior de uma loja Zara (ou de qualquer outra loja), que na maioria dos casos é formatada. O edifício O Paço é um daqueles casos de "primeiro estranha-se, depois entranha-se": no início a junção de uma fachada antiga com o restante projeto contemporâneo não era consensual; hoje esse edifício já é uma das imagens da cidade.
Penso que esse problema de reabilitação não se vai aplicar, pelo menos a nível exterior. Acredito que o desenho exterior dos edifícios do centro histórico se mantenha (e tenho sérias dúvidas que a Câmara e outras entidades responsáveis permitissem essa destruição), quanto ao interior se não tem valor, remodela-se.