As crianças que crescem sem irmãos apresentam um risco superior a 50% de terem excesso de peso ou de serem obesos, comparativamente às crianças com irmãos. Esta é a conclusão de um estudo que envolveu 12.700 crianças, entre os 2 e os 9 anos, de oito países europeus (Itália, Estónia, Chipre, Bélgica, Suécia, Hungria, Alemanha e Espanha), e publicado na revista “Nutrition and Diabetes”.
O estudo foi realizado no âmbito do projeto de investigação europeu de identificação e prevenção de efeitos de saúde e estilo de vida dietéticos em crianças e bebés (IDEFICS – www.idefics.eu).
Nesta investigação, o índice de massa corporal (IMC) das crianças foi associado às respostas de um questionário dirigido aos pais, que incluiu questões sobre hábitos alimentares, hábitos de ver televisão e quantidade de tempo em atividades ao ar livre. Os resultados foram normalizados por outros fatores influentes tais como o sexo, o peso ao nascimento e o peso dos pais.
“O nosso estudo revela uma relação entre a menor frequência de atividade ao ar livre, agregados familiares com baixos níveis de escolaridade, em que é mais recorrente a existência de televisão nos quartos onde dormem as crianças. Mas, mesmo quando levamos em conta esses fatores para normalizar os resultados, encontramos uma correlação estatisticamente significativa entre o facto de ser filho único e o excesso de peso. Ser filho único parece ser um fator de risco para o excesso de peso, independente de outros fatores que se pensava poderem explicar a diferença”, diz Monica Hunsberger, uma investigadora da Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo, Suécia.
Novos estudos estão a ser desenvolvidos para tentar compreender as razões sociais, comportamentais e o contexto familiar que possam explicar aquela correlação. O estudo mostra ainda que a obesidade entre as crianças, em geral, é três vezes mais comum em países do sul, do que em outros países do norte da Europa, continente onde se estima que mais de 22 milhões das crianças tenham excesso de peso.
(Notícia publicada na edição de 12 de outubro de 2012)
António Piedade
Ciência na Imprensa Regional
Ciência Viva