São raros os dias em que Guilherme Fonseca não vai à praia, acompanhado da sua prancha. Começou a surfar no Baleal, em Peniche, aos 7 anos. Dois anos depois entrou em competições e na semana passada ganhou o Circuito Nacional Deeply Surf Esperanças nas categorias sub-16 e sub-18. Pormenor: tem 15 anos de idade.
“Não estava à espera. O objetivo era lutar pelo circuito em sub-16 e ganhar ritmo em sub-18. Correu bem, comecei o ano com vitórias e na última etapa percebi que podia ser campeão nas duas”, diz Guilherme Fonseca.
O surf chegou à sua vida através do pai, um apaixonado pelo mar. Os primos e o irmão influenciaram-no com o bodyboard mas foi a prancha sem direito a barbatanas quem triunfou.
Fã de Gabriel Medina e Tiago Pires, “um exemplo de dedicação e trabalho”, sonha chegar ao topo e ser um dos melhores do mundo.
Até lá, “Gui”, como é conhecido no circuito, sabe que tem muito trabalho. “O segredo é surfar muitas vezes durante a semana, para ganhar ritmo, e encontrar uma boa escola e um treinador para evoluir”, explica. Assim, durante a semana treina na região, ao fim de semana vai para Lisboa melhorar pequenos detalhes técnicos. Este ano ganhou três das cinco etapas de sub-16 e ficou em segundo lugar em quatro das cinco provas de sub-18.
Tubos e ondas gigantes
Mas não se pense que o jovem surfista só pensa em ganhar. “Se o fizer, nada me sai bem. Penso em divertir-me, apanhar boas ondas e aproveitar o momento. Se pensar no resultado, o surf não corre bem. Temos que fazer surf por gosto, por diversão e ganhar à vontade”.
Supertubos é, sem dúvida, a melhor praia para o jovem. “Foi onde comecei e tem uma onda muito boa para tubos. É divertida, tem facilidade nos tubos e está em banco de areia, o que nem sempre se encontra”, justifica.
Para o atleta do Península de Peniche Surf Clube (PPSC) as características de Supertubos são um dos motivos porque a etapa do circuito mundial ASP é tão acarinhada. Depois há o público e os inúmeros praticantes de surf. Elogia ainda a onda (gigante) da Praia do Norte, na Nazaré, e apelida-a de “mágica”. “Tanto dá com mar pequeno ou grande. Acho que é uma das melhores de Portugal, só não é muito conhecida. Quem sabe ainda apanho ali a onda da minha vida?”, brinca.
Bom aluno, está no 10º ano e consegue conciliar os estudos com o surf e a competição. “Sempre tive boas notas e soube gerir o meu tempo. Estudar e surfar no devido tempo”. A fórmula já lhe valeu uma nota 20 a matemática, este ano letivo, (a juntar aos dois títulos nacionais).
Apaixonado por viagens, acredita que é fundamental para evoluir na modalidade. “Para ser um bom surfista é importante conhecer novos locais, novos surfistas e culturas. E aprender”, justifica. Esteve por três ocasiões nas Maldivas – onde espera voltar – e, em janeiro, prepara-se para conhecer a Austrália e assistir ao Pro Junior. Se tudo correr como previsto, pondera ainda dar um “saltinho” à Indonésia, outro reino do surf, e experimentar umas ondas novas.
Marina Guerra (texto)
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Pedro Carvalho (foto)