Como é que os romanos viam os mosaicos e frescos pintados nas paredes? Alexandrino Gonçalves, docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, tentou responder à questão e desenvolveu um projeto que procura apresentar artefactos tal como eles eram percecionados no tempo dos romanos.
Utilizando a tecnologia High Dynamic Range (HDR) para reconstruir virtualmente a “Sala da Caçada” na Casa dos Repuxos, em Conímbriga, Alexandrino Gonçalves desenvolveu um projeto destacado até pela conceituada revista internacional de ciência “Nature”.
O docente replicou a geometria exata da sala e o método de iluminação usado pela civilização Romana no período em questão (século I d.C.), como as lamparinas de azeite, que foram usadas em testes reais e posteriormente simuladas no modelo virtual.
O modelo criado por Alexandrino Gonçalves foi testado com voluntários que foram confrontados, num ecrã HDR, com imagens do mesmo cenário, mas usando ora iluminação romana ora iluminação elétrica, e os resultados mostraram que, entre os diferentes tipos de iluminação, “a forma de visualização é substancialmente diferente, a nossa atenção é ‘desviada’ para diferentes locais da sala e inclusive há cores que são percecionadas com tonalidades diferentes”, explica o docente da ESTG.
Alexandrino Gonçalves acredita que a sua técnica pode ter impacto no estudo de antigas civilizações, afirmando até que “poderá até alterar alguns dos fundamentos da nossa sociedade”:
“Para qualquer que seja a civilização retratada, aquando da recriação virtual de espaços de herança cultural, em museus por exemplo, deve ser, sempre que possível, usada a iluminação da época em causa, de forma a podermos ter uma interpretação, seja religiosa, cultural ou arquitetónica, o mais aproximada possível daquela que os nossos antepassados tinham”.
Leia o artigo “Visualização de Espaços Arqueológicos usando High Dynamic Range” de Alexandrino Gonçalves, Luís Gonzaga Magalhães,
João Paulo Moura e Alan Chalmers aqui.