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Margem esquerda: A última

Durante este ano, o desemprego no distrito subiu cerca de 18%. Se contabilizarmos o número de insolvências de empresas, verificamos que o aumento foi de 21%.

Adérito Araújo, professor universitário aderito.araujo@gmail.com

Termino hoje um ano de colaboração com o RL. Foram 20 crónicas, escritas de 3 em 3 semanas. Quando a Patrícia Duarte me pediu para escolher um título para a coluna, optei por Margem Esquerda. Quis ser honesto para com os meus leitores e se, na altura, senti que fazia sentido a dicotomia esquerda-direita, hoje a minha convicção é reforçada.

Durante este ano, o desemprego no distrito subiu cerca de 18%. Se contabilizarmos o número de insolvências de empresas, verificamos que o aumento foi de 21%. Vivemos num distrito mais pobre, mais deprimido e com maiores problemas sociais. Esta brutal deterioração da economia, traz consigo um aumento das tensões sociais. Hoje já há quem acuse os desempregados de preguiçosos e defenda a necessidade de cortar o subsídio para desincentivar o ócio. Também é frequente ouvir-se dizer que quem recebe um apoio no desemprego deve prestar um serviço em troca, como se o subsídio fosse uma esmola e não um direito.

Esta radicalização de argumentos e falta de sensibilidade social revelam que a democracia não é um dado adquirido. É um bem frágil que corre o risco de morrer pelos nossos pensamentos, palavras, atos ou omissões. Temos todos a responsabilidade de impedir que isso aconteça. E um jornal como o RL, também. É seu dever comprometer-se ativamente com as causas sociais da comunidade em que vive.

(texto publicado a 14 de dezembro de 2012)