“Chegou a vez dos rapazes” serem vacinados contra o vírus do papiloma humano (HPV), defendeu em Leiria José Aparício, pediatra geral no Hospital de Santa Maria, no Porto.
O especialista, que abordou o tema na passada semana no âmbito das XX Jornadas de Pediatria de Leiria e Caldas da Rainha, admitiu mesmo que o assunto lhe tira o sono, tais as infeções externas que surgem entre o sexo masculino.
Lembrando que a vacinação integra o Plano Nacional de Vacinação para o sexo feminino, como forma de prevenir o cancro do colo do útero – a segunda causa de morte nas mulheres com menos de 44 anos -, adiantou que a taxa de proteção ascende a 70%. E acredita que a vacina quadrivalente pode ser tão benéfica para os rapazes como para as raparigas, em termos profiláticos, havendo já recomendações a nível internacional para a vacinação dos rapazes contra o HPV.
O homem é, explicou, o “reservatório e vetor natural” do vírus. Estudos indicam que 80% da população mundial está infetada pelo HPV (estando identificados 120 tipos, uns com alto risco oncogénico, outros com baixo). E se, em 90% dos casos, as infeções desaparecem, “o homem não está livre destas situações”, acrescentou, referindo o frequente e crescente aparecimento de lesões recorrentes e dolorosas, tais como as verrugas genitais, bem como o risco de cancro anogenital ou da boca.
“Não sendo lesões malignas”, são-no “do ponto de vista social e de integração” dos adolescentes, sublinhou José Aparício, considerando caber ao pediatra vigiar e prevenir comportamentos de risco. Tanto mais que o vírus pode ser transmitido mesmo nas relações sexuais não coitais, através do contacto da pele.
Por outro lado, esclarece o médico, o preservativo ou a circuncisão terão apenas um efeito protetor parcial na transmissão do vírus.
Quanto à vacinação, considera que deve ser indicada para homens até aos 26 anos.
(Notícia publicada na edição de 7 de dezembro de 2012)
MR