Assinar

Subscreva!

Newsletters RL

Saber mais
Cantinho dos Bichos

Cães de Ship contam a sua história amarga numa instalação em Caldas da Rainha

São histórias tristes mas verdadeiras. Se não as ouvir até ao fim, eles ladram. A instalação interativa de Ship nas Caldas da Rainha conta-nos como seis cães caíram na rua da amargura.

Seis cães, seis histórias. É a partir deles – e dos seus dramas – que Ship (ou Ricardo Romero) montou uma instalação interativa em Caldas da Rainha, inserida no projeto Galeria da Amargura.

Em seis nichos exteriores do edifício onde está o Parqe Club, junto ao Parque D. Carlos I, estão instaladas seis pinturas de cães com sensores, resultado da colaboração de Ship com a associação DAR e com Dinis Simões, na componente interativa. Quando uma pessoa se aproxima, um sensor ativa um mecanismo que faz com que seja contada a história de cada um dos animais (ver histórias no final deste texto).

Segundo o artista, que reside em Leiria e pinta animais um pouco por todo o lado (como fez no Alto Vieiro), todos os cães representados “têm uma história de vida que os largou na rua da amargura. Se a pessoa se for embora sem ouvir a história toda, o cão ladra”.

Inaugurada quinta-feira à noite, a instalação de Ship na Galeria da Amargura estará patente durante os próximos dois meses.

A Galeria da Amargura é uma iniciativa da DAR – Design Advanced Resources, uma associação sem fins lucrativos que assume como principal missão participar no fortalecimento da prática do design em Portugal.

O projeto concretiza a prática orgânica, participativa e aberta defendida pela associação, visando a promoção de produtos e experiências desenvolvidos no OpenLab.

 

As histórias dos cães da Galeria da Amargura

Major – Este é o Major. Deram-lhe este nome porque deste pequenino tinha a mania que mandava. Os donos escolheram-no exactamente pelo feitio refilão que tinha num corpinho que mais parecia uma bola de pêlo: era gordinho e muito farfalhudo. Mas o Major cresceu… melhorou no feitio e desenvolveu um corpo bem atlético por baixo daquele pêlo. Sempre que era a altura da mudança de pêlo, era pêlo por todo o lado… e no dia em que a dona soube que ia ter um bébé, começou a passar o dia na minúscula marquise lá de casa. Poucos dias depois do bébé ter nascido, já não havia tempo para o Major… e um dia à noite, deixaram-no na Rua da Amargura!

Daisy – A Daisy e o Ralf, o pastor alemão lá do fundo, viviam juntos na mesma casa. Desde pequeninos que tinham um pequeno quintal para brincar e todo o santo dia a dona mais nova levava-os a passear sempre que regressava da escola. Ela gostava muito deles e eles dela: eram inseparáveis! Mas os anos foram passando e a dona mais nova cresceu e foi estudar para longe, ia a casa só aos fins-de-semana e nem sempre conseguia passear com a Daisy e o Ralf. Então lá tinham eles de se entreter no pequeno quintal que era já muito pequeno para o tamanhão que a Daisy e o Ralf tinham. Começaram a engordar, por falta de exercício, e começaram por aparecer os primeiros sinais de um problema bastante comum nos Labradores e nos Pastores Alemães: a displasia da anca. Dos primeiros sinais a terem dificuldades em irem sozinhos até ao quintal para fazer as suas necessidades foi um pulinho. Os donos mais velhos não estavam para isso. Aproveitaram que a dona mais nova estava fora e, um dia, deixaram-nos numa rua de uma terra bem longe daquela que conheciam, deixaram-nos na Rua da Amargura!

Firula – Sempre foi um cão muito frágil, muito dependente dos donos… desde o dia em que o levaram para casa. Parecia uma sombra, seguia-os para todo o lado. E tinha muito medo de tudo, tudo o assustava… a campainha, o telefone, os foguetes, a trovoada então… coitado do Firula, entrava em pânico e fazia chichi por todo o lado. Depois de uma noite daquelas que parecia que o mundo ia acabar, o dono agarrou nele e levou-o para longe: para a Rua da Amargura!

Zeus – Lá na livraria da dona tinha uma poltrona só para ele. Andava com ela para todo o lado, sempre foi um cão muito bem comportado. Infelizmente, a dona teve um grave acidente de carro, despistou-se e no meio de toda a confusão o Zeus fugiu apavorado. Correu para longe e perdeu o rasto do caminho de regresso a casa… agora anda perdido pela Rua da Amargura!

Rafeiro – Este é o saco de pulgas, o rafeiro, o lindo, o cãozinho… depende de quem o chama..! Não tem dono, apenas algumas pessoas que às vezes lhe dão comida, outras que o enxotam à pedrada… depende de quem passa por ele..! Nunca conheceu um colo, uma almofada, uma casa… tudo o que tem e sabe conseguiu-o aqui na Rua da Amargura!

Ralf – O Ralf é amigo da Daisy, essa linda Retriever do Labrador, lá do fundo, com ar de dondoca. O Ralf era tudo menos um cão de guarda, gostava de tudo e todos, ia com qualquer um que lhe desse uma festa ou um belo ossinho para roer. O Ralf não consegue falar sobre o que lhe aconteceu e já não confia em ninguém. Perguntem à Daisy como chegaram à Rua da Amargura!


Secção de comentários

Deixar um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos relacionados

Subscreva!

Newsletters RL

Saber mais

Ao subscrever está a indicar que leu e compreendeu a nossa Política de Privacidade e Termos de uso.

Artigos de opinião relacionados