O bispo da Diocese de Leiria-Fátima, António Marto, revelou que pressentia que o papa Bento XVI podia resignar, o que aconteceu hoje, com Joseph Ratzinger a justificar o auto-afastamento com a idade avançada.
“Depois da leitura do livro ‘Luz do mundo’, pressentia que ele um dia ia tomar esta decisão. Não pensava que seria tão cedo” mas “não foi uma decisão totalmente inesperada”, disse hoje António Marto, numa reação à resignação de Bento XVI, que, ainda assim, o surpreendeu à saída do dentista.
A ação do sucessor de João Paulo II é elogiada pelo bispo de Leiria-Fátima, lembrando que “este papa tomou a peito um grande problema, que é a relação entre a fé e a razão, entre a fé e a cultura, que se sente mais na Europa. E fez isso de uma maneira maravilhosa. Como também deu atenção ao diálogo inter-religioso. Ele levou-o para a frente, mas vai ser um dos aspetos mais importantes no futuro”.
As razões da abdicação de Bento XVI são entendidas por António Marto, que foi aluno de aluno de Joseph Ratzinger em Roma: “Este é um momento histórico, um momento de grande coragem e humildade. É preciso grande humildade para tomar esta decisão. Os motivos profundos só ele os sabe. A explicação que deu é digna de todo o respeito”.
O sucessor de Bento XVI deve ser, segundo o bispo de Leiria-Fátima, alguém de fora da Europa:
“A Europa hoje está a viver uma fase de cultura cansada, esgotada, que se reflete na vivência do cristianismo. Não se nota isso nem na África nem na América Latina, onde sobressai uma frescura, um entusiasmo por viver a fé. Talvez precisemos de um papa que seja capaz de olhar mais para além da Europa e trazer uma certa vitalidade que existe nos outros continentes para toda a Igreja”, refere António Marto.
O papa Bento XVI, 85 anos, anunciou hoje a resignação a partir dia 28 de fevereiro devido “à idade avançada”. Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, anunciou o Vaticano.