Álvaro Lobo nunca mais tinha regressado à entrada da fábrica. Guilherme Marcelino sempre que pode evita a estrada que passa à frente da empresa. Só Silvério Leal se atreveu a entrar. A primeira vez foi em 2011. Os três são ex-trabalhadores da vidreira Dâmaso, que fechou portas
em agosto de 2006.
Têm dinheiro a receber e olham com um misto de mágoa, tristeza e revolta para o estado de abandono a que foi votada a “casa”.
Se estivesse em atividade, celebraria 100 anos de existência. Foi a única indústria vidreira na freguesia de Vieira de Leiria e chegou a ser considerada a 10ª empresa mais produtiva do país.
No início de fevereiro assinalaram-se seis anos após o dia em que o administrador judicial informou os 250 trabalhadores que tinham de recorrer ao centro de emprego, para tratar dos respetivos subsídios. Tinha sido decretada a insolvência da Dâmaso.
Várias foram as propostas que, ao longo dos anos, foram apresentadas para dar continuidade à empresa. Investidores nacionais e estrangeiros, particulares e a própria autarquia. Nenhuma se concretizou.
Atualmente só existe uma que pode “salvar” os 50 mil metros quadrados da Dâmaso do total abandono. Trata-se de um grande grupo económico? Um empresário da região?
Nada disso. É o clube motard Moutabout, de Vieira de Leiria. Cansado de andar com a casa às costas, avançou em 2011 com uma proposta de 350 mil euros para aquisição do imóvel.
Quer para ali deslocar a sede do clube e ter um espaço para organizar as concentrações motards que todos os anos realiza em agosto.
Leia a reportagem na íntegra na edição de 31 de janeiro de 2013. Pode adquirir o jornal online aqui.
Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt