1. Se um dia, não há tanto tempo assim, Vasco Graça Moura, poeta, político e PSD, publicou a sua “Balada do Bom Cavaquista”, José Mendes Bota, poeta, político e PSD, lançava em Janeiro de 1987 um opúsculo dedicado à causa e dedicação de todos os autarcas portugueses. “Ser-se autarca em Portugal é ser-se / bombeiro da aflição alheia, calmante do desespero, / burocrata do sonho, porta-bandeira da aspiração, / voz da reivindicação, opositor da capitulação.”
Efeito Pavlov, direitinho. Sempre que leio notícias como a que cito a seguir penso imediatamente nos versos de Mendes Bota, figura de primeira água do anedotário político nacional. A notícia vem publicada na última edição do REGIÃO DE LEIRIA: “Sete dos onze elementos do executivo de Leiria faltaram terça-feira à reunião de Câmara. A falta de quórum, inédita, obrigou ao adiamento da reunião para a próxima semana, que decorrerá com a mesma ordem de trabalhos.” Quatro vereadores do PSD justificaram a falta por “motivos profissionais”, Blandina Oliveira teve de “acompanhar um familiar”, Isabel Gonçalves compareceu a uma “consulta médica” e António Martinho encontrava-se em pleno gozo de “férias”. Tamanha “coincidência de impossibilidades”, segundo o REGIÃO DE LEIRIA, não só adiava a discussão de “temas quentes” – desde logo o processo de recolha de resíduos ou a adjudicação das empreitadas de remodelação dos quartéis da GNR de Monte Real e de Monte Redondo – como surpreendia até (pasmemos) a maioria dos vereadores. “Por que é que o presidente”, palavras do vereador José Benzinho, “não cuidou de assegurar o quórum com os membros da maioria?”
Não posso, como é lógico, responder por Raul Castro. O presidente da Câmara de Leiria garante (continuo a ler a notícia) que a lei prevê a ausência dos vereadores, mas lamenta a falta de quórum para discutir “assuntos” essenciais à próxima reunião da Assembleia Municipal. “Quem quiser”, concluía, “que tire as devidas ilações.”
Eu arrisco a minha “ilação”, pedindo boleia a mais alguns versos de Mendes Bota. “Ser autarca em Portugal / é um acto de amor, é um risco, / uma decisão que não se pensou (…)”.
2. Ao que parece, a minha última crónica causou “desconforto” a muito adepto do União de Leiria. Relendo o que escrevi, continuo sem perceber a razão. Em nenhum momento critico o clube (que acompanhei nos 16 anos vividos em Leiria), apenas quem o dirigiu nos últimos anos.
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado a 20 de junho de 2013)
Carlos Francisco disse:
Perdeu uma boa oportunidade de se retratar relativamente aos disparates que escreveu relativamente ao União de Leiria. Quais são os critérios do Região de Leiria para conferir destaque a estas crónicas? Os demais cronistas devem ficar invejosos… será que é preciso escrever mal sobre o União para ter direito a destaque?
Luis Carlos disse:
* O ponto 2 foi escrito ao abrigo do completo desconhecimento sobre aquilo que está a escrever.