Perícia, concentração, rotina, metodologia e treino. São estes os passos desenvolvidos nos últimos onze meses pelos pequenos “O’Sullivan” da primeira equipa de formação de pool criada em Portugal.
Miguel Silva é o autor do projeto. Jogador e apaixonado pela modalidade, abriu o próprio negócio, em Padrão, Pousos – a MS Pool Academy – e criou uma equipa de formação. “No estrangeiro é frequente existirem academias e equipas de formação, mas em Portugal não. Criei a primeira e, atualmente, há mais duas equipas em Lisboa e Braga, mas com jogadores mais velhos”, afirma.
Por cá, os craques do taco têm entre 9 e 14 anos. São os mais novos praticantes de pool do país. Experimentaram dar a primeira tacada para “matar a curiosidade”. E gostaram. De tal forma, que todos os sábados à tarde treinam quatro horas.
Fernando Ferreira “Leão”, o monitor, é quem dá as instruções. “Tivemos que começar pelas bases. Ensinar a pegar no taco, usar o olho diretor, a posição base e, a pouco e pouco, os suportes técnicos”, explica o treinador. “Introduzem-se mais bolas no jogo e, lemtamente, as regras. Depois é todo o processo de treino, rotina e repetição, até tudo sair de forma natural”.
Estreia nervosa
“Leão” nunca jogou pool mas é procurado por muitos atletas nacionais antes das grandes competições. Está orgulhoso do trabalho desenvolvido, tal como Miguel.
A estreia da equipa em competições aconteceu no fim de semana, em Peniche. Participou num torneio sub-25 – o escalão dos mais novos – e o resultado foi o que menos interessou. “Entraram muito nervosos, cometeram erros que não fazem normalmente mas jogaram contra equipas de 18 e 19 anos. Não estou nada desiludido”, nota “Leão”.
A presença da MS Pool deu nas vistas a ponto da Federação Portuguesa de Bilhar (FPB) querer agora conhecer melhor o projeto da academia. Solicitou um relatório ao clube e quer divulgar o trabalho feito em Leiria a todo o país. “Propusemos à FPB a criação, no espaço de três, quatro anos, de equipas de formação em todos os clubes, para aumentar o número de praticantes e formar jogadores desde cedo. Isto é pioneiro, não tenho dúvidas”, refere o treinador.
Paulo Alves e o filho Gonçalo passaram “muitas horas” a ver snooker inglês na Eurosport antes de visitarem o clube nos Pousos. Na primeira visita, não resistiram. “Esta é uma realidade completamente diferente e uma surpresa, de alguma forma”, conta. O filho faz parte do grupo desde então e Paulo Alves acredita que podem sair dali campeões. “É um projeto visionário do Miguel [Silva] e, pedagogicamente, o ‘Leão’ é um excelente professor”.
O futuro passa por ensinar a modalidade aos mais jovens, prosseguir até aos seniores e afastar a ideia (errada) de que se trata de um entretenimento de café. “É um desporto que requer precisão, níveis de concentração muito elevados, disponibilidade, treino e alguma preparação física. Muitos jogadores passam horas de pé, em frente a uma mesa”, lembra Miguel Silva.
O MS Pool tem ainda duas equipas seniores masculinas na II divisão nacional, compostas com “prata da casa”, e ambiciona subir à I divisão.
Três tabelas
Mais recentemente, a União de Leiria também inaugurou uma secção de bilhar. “Somos todos de Leiria e criámos um espaço onde podemos jogar e chamar mais jogadores”, conta António Simões, vice-presidente da nova secção.
Com quatro mesas instaladas na sede do clube, no estádio de Leiria, a equipa disputa a II divisão nacional em bilhar de três tabelas e quer formar uma segunda equipa para entrar igualmente em competição.
Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt