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Cultura

Entremuralhas 2014 pode ter concerto grátis para derrubar "barreiras psicológicas"

Ao quarto ano, o Entremuralhas somou novo sucesso: dois dos três dias com lotação esgotada e muita vibração e emoção a encher o Castelo de Leiria. Leia a entrevista de balanço do festival gótico de Leiria.

(fotografias: Sérgio Claro)

 

Ao quarto ano, o Entremuralhas somou novo sucesso: dois dos três dias com lotação esgotada e muita vibração e emoção a encher o Castelo de Leiria.

O festival que já colocou Leiria no mapa da cultura nacional teve nesta edição uma primeira incursão fora das muralhas do Castelo, uma experiência que poderá ser repetida e alargada já em 2014.

Ainda a saborear a edição deste ano, a associação Fade In prepara já a do próximo ano. Que pode também trazer uma outra novidade: um concerto com entrada gratuita para ajudar a derrubar os preconceitos que subsistem em torno do rótulo “festival gótico”.

O balanço da quarta edição do Entremuralhas, em entrevista ao relações públicas e diretor de produção da Fade In, Carlos Matos:

 

O que fica deste quarto Entremuralhas?
Fica a sensação de que todo este trabalho, levado a cabo por um pequeno mas esforçado grupo de amigos que forma a Fade In, só é possível porque mais e mais amigos se têm juntado a nós, trabalhando e ajudando-nos nesta tarefa quase hercúlea, a troco de nada ou quase nada. Sem a generosidade destas pessoas que tanto nos ajudam éramos incapazes de levar a bom porto um evento desta grandiosidade e desta complexidade logística. Fica também a ideia de sucesso, como o provam as lotações esgotadas nos dias em que o festival decorreu no castelo, e as centenas de manifestações de apreço e elogio que podemos encontrar nas redes sociais. Já não havia grandes dúvidas com o sucesso das edições anteriores, mas à quarta edição o Entremuralhas cimentou-se, definitivamente, como um evento que coloca Leiria na rota dos grandes eventos culturais nacionais e internacionais.

Carlos Matos: “À quarta edição o Entremuralhas cimentou-se, definitivamente, como um evento que coloca Leiria na rota dos grandes eventos culturais nacionais e internacionais”

Quais os momentos mais altos?
Foram treze as bandas em cartaz, algumas jovens, outras com carreiras de mais de duas décadas… Particularmente, destacaria o concerto de Deine Lakaien na sexta-feira no Teatro José Lúcio da Silva (nosso parceiro fundamental em todo o evento) com a dupla a ser ovacionada de pé, por duas vezes, pelo público que enchia a plateia da sala. Um concerto soberbo, muito místico e onde se provou que Alexander Veljanov é portador de uma voz e de um carisma incomuns, e que Ernst Horn é um pianista de outro mundo. Nos concertos do castelo destacaria dois da Igreja da Pena: o dos italianos Roma Amor que arrebataram completamente a audiência, e o dos germânicos Die Selektion que transformaram aquele local edílico numa verdadeira pista de dança. No Palco Alma destacaria as prestações dos britânicos Naevus e dos italianos Spiritual Front (ambos recheados de canções de pura classe e com interpretações empolgantes) e ainda dos germânicos Qntal que deslumbraram o público com as suas canções de reminiscência medieval e electrónica, com a sua simpatia, e até sentido de humor. No Palco Corpo destacaria a negritude do rock gótico dos Merciful Nuns, a hiperatividade do electro industrial de Nachtmahr e claro, o apoteótico final com a avassaladora performance dos Kap Bambino…

Já se pensa na próxima edição? É verdade que o Entremuralhas pode voltar a sair das muralhas do Castelo?
Sim, o modelo experimentado este ano resultou muito bem. O evento pode voltar a saltar a cerca do castelo sem contudo deixar que este seja o seu epicentro. Gostaríamos que os visitantes conhecessem mais alguns dos equipamentos culturais da cidade. Não está também de fora a hipótese – e dependendo dos apoios que venhamos a ter – de haver um dia zero com um concerto gratuito acessível a todos os leirienses que queiram, definitivamente, participar neste evento que, apesar de já ter derrubado muitas barreiras psicológicas, continua a ser alvo de algumas interpretações que não correspondem à sua essência. Não é por acaso que este ano tínhamos este lema: “Entremuralhas – Porque uma experiência vivida é bem diferente de uma contada…”

E para a Fade In, o que se segue?
No dia 3 de Outubro far-se-á história em Leiria. O 30º episódio do FADEINFESTIVAL 2013 trará a Portugal, para um concerto exclusivo no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, Teho Teardo – reputado músico e premiado compositor de bandas sonoras – e Blixa Bargeld – líder dos históricos Einstuërzende Neubauten e guitarrista de Nick Cave And The Bad Seeds durante duas décadas. O concerto será para apresentar “Still Smilling” um dos discos mais belos, surpreendentes e arrebatadores de 2013. A acompanhá-los estará a conceituada violoncelista Martina Bertoni. Os bilhetes já estão à venda no TJLS. Corram antes que esgote!


Secção de comentários

  • Ruben Sousa disse:

    Eu também tenho curiosidade, em ver o ambiente, dum festival como este,muitos metaleiros sao descriminados,por se inserir numa cultura como esta e assim,podia se quebrar ,a tal barreira psicológica,continuem,parabéns

  • Pedro Cardoso disse:

    Acho que era muito bom porem em pratica a ideia de um concerto com entrada gratuita. Eu por exemplo tenho imensa curiosidade em ver como é o ambiente e assim, mas como não faço parte da "cultura gótica " não me compensa comprar um bilhete… Mas acho um excelente ideia! Continuem!

    • Joaquim Pedro disse:

      Caro Pedro Cardoso,
      Se a sua preocupação é não conhecer o cartaz, embora seja compreensível, é um problema de fácil resolução, pois o youtube é um bom amigo nessas alturas, e mesmo o senhor Carlos Matos é afável e simpático para o ajudar a descobrir novas coisas.
      Agora, o seu comentário acerca de não lhe compensar comprar o bilhete por estar fora da cultura gótica é, sem intenção de querer ofender a sua pessoa, um monte de tretas. Se tem curiosidade, venha, tão simples quanto isso. Vai deixar de ir de visita a um país qualquer porque não faz parte da cultura? Pois claro que não, certo?
      Ao contrário do que possa pensar, os góticos não mordem, e muito menos julgam "pessoas de fora". Claro, poderá haver algumas pessoas cujo estilo seja demasiado extravagante para os seus gostos. Garanto-lhe que isso será algo comum entre toda a gente. No entanto, o que mais ressalva na cultura gótica é o respeito pelo gosto dos outros e pelo seu espaço privado, o que permite assim que o senhor possa vir sem ir ser julgado, molestado ou qualquer coisa do género.
      Que raios, se até um casal de idosos lá vi este ano! E uns idosos iguais os outros, com as suas roupinhas de flores e cores, iguais os mesmos idosos que por certo verá no seu café do dia a dia! Oxalá tivessem todos a força de quebrar barreiras psicológicas que esse casal teve.

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