Mudança drástica nesta vida de eleitor: pela primeira vez em 16 anos não voto na escola preparatória D. Dinis, em Leiria – mas sim numa qualquer sala de um qualquer edifício do Areeiro, em Lisboa, com a fava de escolher entre Costa, Seara, etc., e o voto em branco.
Sou um rapaz cumpridor e, como tal, lá estarei a 29 de setembro. Eleições autárquicas? Sim, tenho alguma coisa a dizer. Autárquicas em Leiria? Prefiro então gastar alguns caracteres sobre este assunto – e sem tocar no mais óbvio: os outdoors de campanha, que mais parecem páginas arrancadas ao piores álbuns de família dos candidatos partidários. Declaração de interesses: não conheço as candidaturas, os jogos de bastidores, as alianças, nem tão-pouco as promessas políticas. Aproveito a coluna para manifestar os meus desejos de ex-eleitor leiriense, em jeito de carta ao pai natal (uma vez que nunca escrevi nenhuma):
Caro futuro presidente da Câmara Municipal de Leiria,
Passo a informá-lo que não vivo em Leiria, o que não me impede de regressar aos fins de semana e nas férias – ah, e leio sempre o REGIÃO DE LEIRIA para me manter informado. Agora que sabe tudo sobre mim, gostaria de partilhar com V/Exa. quais os serviços mínimos que espero da sua equipa. São seis – como vê, para além de cumpridor, sou um rapaz poupado.
1. Que de uma vez por todas o rio Lis seja isso, um rio com vida – e não uma massa de água assim assim que atravessa Leiria sem ninguém dar por isso.
2. Que se resolva o que fazer com o mamarracho by Taveira, devolvendo aos leirienses um parque desportivo para benefício das famílias e de várias modalidades. Nem tudo vive ao pontapé na bola.
3. Que o Teatro José Lúcio da Silva, uma das melhores e mais bonitas salas do país, possa ter uma programação regular de cinema, teatro, música e festivais.
4. Que a rua Direita (que liga o Terreiro à Sé) continue a merecer obras de restauro e reconstrução.
5. Que as instalações da antiga Ford (e anexos), junto à rotunda de saída para a estrada nacional, não conquistem o livro de recorde do Guinness na categoria de armazéns devolutos.
6. Por último, um favor extra pessoal: que não lhe passe pela cabeça qualquer ideia de construir uma estátua, fonte ou derivado no meio da praça Rodrigues Lobo.
E é só. Sinceros cumprimentos.
(texto publicado na edição de 12 de setembro de 2013)