Sim, confesso que é uma frase forte, no entanto passou despercebida a muitos leitores deste Jornal, numa das suas últimas edições. Pessoalmente, tenho orgulho em ser português, facto que não me farto de repetir cá dentro e lá fora. Pelo contrário, há outras pessoas que afirmam que têm vergonha de ser portuguesas. Estas podiam dizer, tal como eu digo, que o país está numa situação vergonhosa, que somos governados por gente vergonhosa, que muitos de nós, em vez de nos mobilizarmos, nos sentamos no sofá a ver lixo televisivo. Podiam dizer também que o povo português sofre de um mal crónico, o da preguicite aguda, a qual o remete para cantinhos onde calmamente se mantém, mesmo estando a ser roubado de tudo aquilo de maravilhoso que o país tem e lhe deu identidade. Mas não, algumas pessoas dizem levianamente que têm vergonha de ser portuguesas. A essas pessoas digo apenas que têm quase 200 países à escolha, portanto escolham um onde não exista a vergonha.
Nos últimos 7 anos tive a oportunidade de conhecer 19 países, aprendendo muito com isso. Fui confrontado com realidades díspares, nas suas mais variadas verdades e contextos. Hoje, gosto ainda mais de Portugal, pois sei do seu real valor. Somos pequenos em dimensão, mas gigantes em termos patrimoniais. Geodiversidade, Biodiversidade, Cultura, é só escolher. Será que é preciso fazer um desenho?
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado na edição de 8 de agosto de 2013)
Anuska Monteiro disse:
Olá João Forte:
Tens a tua opinião e eu respeito, mas eu entendo perfeitamente as pessoas que dizem ter vergonha de ser portuguesas. Falando por mim mesma há coisas na mentalidade portuguesa, que me deixam revoltadíssima e como é evidente eu sinto muita vontade de mudar tudo isso. Mas não posso mudar a mentalidade de toda uma sociedade sozinha. Eu só me posso mudar a mim mesma, e isso já o estou a fazer que é sair de Portugal. Mas para entenderes um ponto de vista diferente do teu, eu vou numerar-te alguns pontos. Revolta-me sim, viver num país:
– Onde vejo que a nossa rica cultura, a arquitectura antiga e o património não são valorizados pela maioria.
– Onde as pessoas preferem valorizar o que não tem conteúdo, a algo cultural.
– Onde a televisão e os bares só passam música brasileira e portuguesa cujas letras são quase que pornografia narrada, alcool ou coisas sem nexo.
– Onde a Industria do futebol domina.
– Onde as leis são diferentes para ricos e para pobres.
– Onde o governo é ladrão e dos maiores corruptos da união europeia.
– Onde o desemprego cresce sem parar.
– Onde o governo contribui para o empobrecimento do país, tanto a nível cultural, como a nível económico.
– Onde os jovens não têm futuro, devido à falta de emprego.
– Onde as pessoas sabem da corrupção do governo, e não fazem nada para mudar a situação. Detesto a mentalidade portuguesa do "deixa andar" sem agir e sem lutar para que as coisas melhorem.
– Onde para ter um trabalho o conhecimento a instrução das pessoas não contam, mas sim as cunhas.
– Detesto o actual sistema educacional e de saúde, no qual para seres atendido no hospital publico numa urgência estás HORAS.
– Onde existe a mentalidade: Venha a mim, e que se lix.em os outros"..
Estas são as principais razões que me fazem detestar viver em Portugal e para te dizer a verdade nunca me senti portuguesa, no sentido em que não possuo essa mentalidade que a maioria dos portugueses possui e eu referi acima.
Mas como eu disse, como não posso mudar essas mensalidades, e não consigo viver com elas no meu dia a dia, a solução que encontrei foi retirar-me. Não tenho nada contra o patriotismo, desde que ele não sirva de desculpa para fechar os olhos aos problemas que o país atravessa.
Concordo contigo quando afirmas que: "Geodiversidade, Biodiversidade, Cultura, é só escolher".
É verdade, Portugal tem isso tudo, geodiversidade, cultura e biodeversidade. Mas o problema também é que só o número mínimo de pessoas dá valor a estas coisas, tendo que "aturar" a maioria que está se nas tintas para isto. Por isso é tão difícil para mim conviver com a mentalidade portuguesa.