Eu tenho uma admiração sem limites pela maioria das mulheres portuguesas. Não gosto de feminismos radicais, mas cada vez me parece mais que, se não fosse a capacidade do labor feminino em Portugal, as famílias sofreriam muito mais com as dificuldades que vivem atualmente.
Se olhar à minha volta, deparo-me com múltiplos exemplos de mulheres que mudam fraldas a novos e a velhos, planeiam refeições, fazem contas para poupar mais um euro, ajudam os filhos nos trabalhos, vão a reuniões da escola, limpam a casa, tratam da roupa, vão com os filhos às consultas médicas, dão xaropes e limpam ranhos, mimam e enxugam lágrimas, tudo isso ao mesmo tempo que são profissionais de valor. E sem queixumes.
Às vezes penso que, se a maioria dos homens trocasse de lugar com estas mulheres formidáveis, não aguentaria mais do que uma semana. Eu sei que sou uma exagerada e talvez esteja a ser injusta, mas parece-me que, em pleno século XXI, as mulheres continuam a trabalhar muito mais do que os homens. Parece-me, repito.
Os meus leitores do sexo masculino não me levem a mal. Isto é apenas uma observação a olho nu, não se zanguem. Pode até nem ser verdade o que escrevo, e eu não sou nenhuma estudiosa da matéria. Contudo, aposto que há muitos homens que, à noite, no conforto do sofá, de comando na mão, se interrogam “Mas como é que elas conseguem?”.
(texto publicado na edição de 10 de outubro de 2013)