Desde que foi inventado, há milhares de anos, não para de surpreender. “O vidro sempre foi e é cada vez mais fascinante”, lembra a conservadora do Museu do Vidro, na Marinha Grande. Agora há ainda mais razões para o fascínio de que fala Catarina Carvalho: desde sábado está aberto na cidade o Núcleo de Arte Contemporânea do Museu do Vidro (NACMV). Missão: revelar as múltiplas possibilidades e dimensões desta matéria prima que nos acompanha todos os dias, dos copos às janelas.
Antes de falar do conteúdo, atentemos no edifício. Quatro centenas de pessoas fizeram fila para assistir à inauguração do NACMV. É muita a curiosidade em torno do novo espaço da Marinha Grande, nascido onde antes esteve a Resinagem e, mais recentemente, o mercado municipal.
Depois de anos sem uso e após um investimento de cerca de quatro milhões de euros (85 por cento comparticipados pela União Europeia), todo o conjunto foi recuperado e, no centro, cresceu um “cubo de vidro” de três pisos, 15 metros de altura e área total de mil metros quadrados.
É o NACMV: um marco na paisagem urbana da Marinha Grande, mas também uma nova referência para a cultura da região e não só. Lá está patente cerca de meia centena de obras da coleção de arte contemporânea que o Museu do Vidro constitui desde 1999.
No Palácio Stephens fica o vidro nas artes decorativas; aqui regista-se o que Portugal e outros países têm feito com vidro nas artes plásticas. “É uma vertente tão importante quanto as outras que representamos”, assume Catarina Carvalho.
A maioria das pessoas está habituada a olhar para o vidro pelo seu uso quotidiano. “Aqui pode-se observar outra vertente da utilização do vidro e perceber as múltiplas funcionalidades e técnicas”.
O NACMV junta produção de artistas locais e nacionais, de estrangeiros que criaram em fábricas da Marinha Grande, além do melhor da Bienal da Marinha Grande e de aquisições feitas em exposições que passaram pela cidade.
Este salto de gigante dá ao Museu do Vidro uma nova dimensão. Ao nível do vidro utilitário e decorativo, já tinha reconhecimento nacional. “Agora estamos a concretizar esse objetivo na história da arte contemporânea do vidro”. Afinal, no NACMV mora a maior coleção de arte contemporânea em vidro de Portugal:
“Queremos continuar a crescer e ter um papel importante na dinamização das artes plásticas em Portugal. Não queremos ser espectador. Queremos intervir no desenvolvimento das artes plásticas em Portugal nesta área”, diz Catarina Carvalho.
No NACMV, é possível descobrir obras de arte do Japão aos Estados Unidos, da Austrália ao México. “Quando espreitamos o que é feito em países como os Estados Unidos da América, ficamos entusiasmadíssimos. É encorajador continuar a trabalhar para lá chegar. Nós estamos a começar e eu diria que estamos no bom caminho”.
Bilhetes
1,50 euros é quanto custa a entrada no Museu do Vidro. Dá acesso às instalações no Palácio Stephens, ao Núcleo de Arte Contemporânea e às oficinas onde dois artesãos trabalham o vidro ao vivo, com maçarico e na lapidação e gravação.
(Notícia publicada na edição de 24 de outubro 2013)
Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt
(fotografias: Joaquim Dâmaso e Manuel Leiria)