Uma praia tropical, de areia branca e águas mornas, pode existir em plena serra? Na freguesia de São Bento, em Porto de Mós, persiste uma “fotografia” gravada na pedra, com cerca de 170 a 166 milhões de anos de uma praia idílica.
Numa antiga pedreira, já abandonada, subsistem os fósseis que permitem contar a história: no Jurássico médio, o que hoje é serra, antes foi praia. Fósseis de animais marinhos e mesmo a marca fossilizada das ondas do mar aí estão para o provar.
Historiador e deputado municipal de Porto de Mós, António José Teixeira (PS), defende a importância “geológica, paleontológica, científica, pedagógica e didática” do local, conhecido há cerca de quatro anos, mas agora no centro do estudo de vários especialistas.
Afinal, trata-se de um sítio raro, dos tempos em que Europa e América ainda estavam ligados e os dinossauros eram dominantes.
Ali, na pedreira da Ladeira em São Bento, são visíveis os vestígios de “cerca de 2 mil metros quadrados de um antigo fundo marinho/praia, com inúmeras espécies de estrelas do mar, crustáceos, peixes, ouriços do mar, lírios do mar, sulcos feitos por animais marinhos e as próprias ondas do mar estão fossilizadas”, explica António José Teixeira.
Isso mesmo sublinhou na recomendação que apresentou na reunião de deputados municipais de dia 29 e que contou com a aprovação unânime. Intuito? Aproveitar verbas comunitárias para que o município avance com “um projeto de preservação, conservação para usufruto do cidadão comum” de um local que deve ser promovido a geomonumento.
O local está a suscitar a curiosidade de vários investigadores e diversas universidades portuguesas, britânicas, espanholas, francesas e norte-americanas, manifestaram o interesse em visitar o local “para estudo e divulgação”, assegura o historiador.
Para já, António José Teixeira brinca com a possibilidade de “surfar” ondas fossilizadas, ao jeito de um paleosurfista.
(Notícia publicada na edição de 5 de dezembro de 2013)
Carlos S. Almeida
carlos.almeida@regiaodeleiria.pt
@JoaoGabrielLML disse:
Uff! O meu tio Kiko já tem sucessor no estudo da paleontologia local.