Os bispos portugueses vão estar reunidos a partir de hoje em Fátima em Assembleia Plenária sem a pedofilia na agenda, embora o tema possa ser sugerido para discussão no decurso do encontro, segundo o porta voz da Conferência Episcopal Portuguesa.
“Qualquer bispo pode propor o tema para ser tratado, como é natural todas as vezes que há uma assembleia plenária”, disse à Lusa o padre Manuel Morujão.
No mês passado mês, face aos escândalos de pedofilia na Igreja Católica, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) emitiu um curto comunicado no qual se lê que a instituição vai seguir, “na abordagem dos possíveis casos de abusos sexuais por parte de membros do clero”, as mesmas recomendações de Bento XVI, que visita Portugal em maio.
Entre esses princípios estão o reconhecimento da verdade, auxílio às vítimas, o reforço da prevenção e a colaboração com as autoridades.
O mesmo comunicado promete “uma reflexão sobre esta temática, numa nossa próxima reunião”, sem especificar quando.
O comunicado da CEP coincidiu com o anúncio do Papa de que escreveria uma carta aos católicos irlandeses face ao escândalo de pedofilia no clero daquele país.
Na carta pastoral, tornada pública dias depois, Bento XVI exprimiu “vergonha” e “remorso” de toda a Igreja perante a situação.
A um mês da visita do chefe de Estado do Vaticano a Portugal, entre 11 e 14 de maio, a presença do Papa é também um dos assuntos em agenda na 174.ª Assembleia Plenária que começa às 16:00 de hoje, com o discurso do presidente da CEP, o arcebispo de Braga, Jorge Ortiga.
A situação económica e social do país vai igualmente ser abordada, com os bispos a analisarem a intervenção social da Igreja, as respostas à crise atual e o papel das instituições sociais.
Neste âmbito, está igualmente prevista a apresentação das conclusões de um relatório sobre as instituições de apoio social.
O projeto “Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal”, através do qual a Igreja procura diretivas práticas para melhorar a ação na sociedade, e o lançamento de uma carta pastoral sobre a dimensão missionária da Igreja são outros dos temas agendados para os trabalhos dos bispos que encerram quinta feira.