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Apicultores preocupados com elevada mortalidade das abelhas

Na região de Leiria luta-se para manter o exército voador que produz o mel que a Europa cada vez mais nos compra.

Há, literalmente, um novo défice no ar: o défice de abelhas. E também este défice acarreta dores de cabeça. A elevada mortalidade e o perigo de um grave declínio na população de abelhas na região está a deixar os apicultores preocupados.

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Apicultura da região luta para evitar declínio das colmeias

“Morrem muitas colmeias e há muitas abelhas que desaparecem, é um problema mundial”, confirma Jacob Pinto, presidente da Associação de Apicultores da Região de Leiria (AARL).

A questão ganhou nova relevância com a publicação, no início deste mês, de um estudo elaborado por cientistas da universidade britânica de Reading que concluíram que a Europa só tem dois terços das abelhas de que precisa. Calculam os cientistas que estão em falta cerca de 13,4 milhões de colónias, o que corresponde a cerca de 7 mil milhões de abelhas.

O estudo aponta alguns países do norte da Europa como sendo aqueles onde a questão se coloca de forma mais preocupante, mas Jacob Pinto sublinha que os apicultores da região também estão “muito preocupados”.

Por cá, os primeiros indícios de perigo de decréscimo na população das abelhas contam cerca de sete anos. A tendência de decréscimo persiste, mas “graças aos esforços dos apicultores, a situação tem permanecido relativamente estável”, refere este responsável. A verdade é que para manter a população de abelhas “são necessários muitos cuidados”.

Com a procura a crescer e as exportações de mel a ganharem relevância, o grande problema passa por garantir a população de abelhas que permita sustentar o crescimento do mercado. “A nível europeu somos sempre deficitários e a nossa região não é exceção”, refere.

O estudo dos investigadores da universidade de Reading aponta o crescimento da cultura de oleaginosas destinadas aos biocombustíveis como um dos fatores que concorre para o declínio das abelhas. Para já, a biodiversidade da região vai assegurando mel de boa qualidade, para o qual contribuem as mais de 15 mil colmeias dos associados da AARL.

Mas Jacob Pinto enuncia outros perigos. Os ácaros do género Varroa transmitem doenças que debilitam as colmeias. São doenças que podem ser combatidas, mas enquanto o tratamento não surte efeito, o risco aumenta e surgem outras doenças que atacam as abelhas já de si enfraquecidas, explica Jacob Pinto.

Novos tipos de pesticidas, nomeadamente neonicotinoides (derivados da nicotina) bem como as plantas transgénicas, são apenas algumas das possíveis causas para o misterioso desaparecimento das abelhas, adianta. Assim se explica que o mel que a região exporta para a Alemanha tenha de passar em rigorosos testes de despiste da utilização de transgénicos.

“Eles não querem mel produzido com transgénicos”, revela Jacob Pinto.

Crise não afetou crescimento da apicultura na região 

Com mais procura que oferta, a apicultura é um setor de atividade em expansão na região. O responsável pela associação regional de apicultores aponta para o aumento da produtividade das colmeias como a resposta que tem sido dada para tentar suprir as necessidades do mercado.

Jacob Pinto nota ainda que a crise económica suscitou o crescimento da apicultura na região, muito graças a pessoas que reconverteram a sua atividade profissional. Apesar dos problemas em manter estável a população das abelhas, “estamos confiantes que vamos poder continuar a produzir mais”, refere.

Em Alcaria, Porto de Mós, Carlos Neto, artista e apicultor, não tem notado o declínio na população de abelhas, muito graças à diversidade de plantas que a zona oferece à atividade das colmeias. Mas o aumento da procura das pequenas obreiras listadas de amarelo e preto tem-se revelado de outra forma: “são muitos os que se queixam do roubo das abelhas”.

E, mais uma vez, a ação humana provoca o desaparecimento das abelhas. Mas este é um mistério… policial.

(Notícia publicada na edição de 30 de janeiro de 2014)

Carlos S. Almeida
carlos.almeida@regiaodeleiria.pt

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