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No País da troikada: Comprar à dúzia

Diz o povo que comprar à dúzia sai mais barato. E eu, por uma questão de princípio, acredito no povo.

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João Paulo Marques, professor do Ensino Superior Politécnico joao.paulo@regiaodeleiria.pt

Diz o povo que comprar à dúzia sai mais barato. E eu, por uma questão de princípio, acredito no povo. Vem aí a última avaliação da troika. A décima segunda, reza a mais elementar das aritméticas. O que é bom. Significa que seguimos o povo e comprámos uma dúzia. Só podemos ter feito bom negócio. Possivelmente se tivéssemos ficado só por dez ou onze, a coisa tinha saído muito mais cara. Nós não sabemos exatamente quanto nos custa cada avaliação da troika. Mas aquilo é pessoal que não deve viajar em classe económica e companhias low cost… não sabem o que isso si­gnifica. Gostam de se deitar em bons hotéis e montar grandes carros – do género destes que agora saem nas rifas das finanças, e daí para cima – e comer… bom, em matéria gastronómica já me permito ter algumas reservas. Portanto, ainda bem que vieram uma dúzia de vezes. Vieram ver se nos andávamos a portar bem, se não gastávamos mais do que a mesada a que tínhamos direito e, pelos vistos, têm andado contentes com o que têm visto. Claro que entre a décima primeira e a décima segunda, o pessoal já esgotou as viagens para Cabo Verde e para a Eurodisney. Para o Brasil e as Caraíbas, consta que a coisa está complicada. São as merecidas férias da Páscoa. Mas isso não é para a troika saber. Afinal, para todo e qualquer efeito oficial, somos um país em crise.

(texto publicado na edição de 10 de abril de 2014)