Sabia que tal como para os humanos, também os animais podem doar sangue e assim ajudar outros bichos a recuperar de acidentes, intervenções cirúrgicas e algumas doenças?
Em Portugal, ainda são poucos os bancos de sangue existentes, sendo o mais próximo da região localizado na Figueira da Foz e qualquer animal, desde que de forma programada, pode contribuir para a existência de unidades de sangue em quantidades suficientes.
Segundo Diana Rodrigues, médica veterinária da Clínica Veterinária dos Milagres, tal como os humanos, os cães e gatos têm vários tipos de sangue. No caso dos cães conhecem-se, pelo menos, oito principais grupos de sangue, com alguns subtipos, enquanto nos felinos apenas se conhecem três e não existe um dador universal, ao contrário dos humanos e dos cães.
As clínicas recorrem a bancos de sangue “em situações em que a transfusão sanguínea é indispensável, como o caso de animais que sofreram traumatismos severos ou que sofram de condicionamentos diversos em que uma intervenção cirúrgica se torna arriscada sem uma transfusão”, informa.
Mas que animais podem dar sangue? “Essencialmente cães e gatos saudáveis, dóceis e simpáticos. No caso dos cães devem ter mais de 25 ou 30 kg, os gatos mais de 3,5 kg, entre 1 e 8 anos de idade, que vivam num ambiente limpo, com boa alimentação, sem historial de doenças infecciosas ou graves, sem historial de transfusões, com as desparasitações internas no mínimo de 6 em 6 meses e externas mensalmente”, explica a veterinária.
O animal é colocado sob tranquilização durante todo o processo e, por isso, não se apercebe na totalidade do ato clínico. “Os dadores inscritos no Banco de Sangue Animal devem disponibilizar-se a realizar colheitas de três em três meses e podem ser contactados em caso de urgência. Todos os dadores são sujeitos a análises sanguíneas, incluindo para as principais doenças infecciosas e obviamente de tipificação sanguínea”, acrescenta Diana Rodrigues.
Por ser um tema ainda pouco abordado, poucos donos de animais conhecem esta possibilidade e vantagem. Contudo, “quem sabe um dia destes não teremos um centro também na zona de Leiria”, confessa a médica veterinária.
Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt