Os dois últimos invernos colocaram a nu a fragilidade do ponto de vigia da Boavista: fissuras na cúpula que deixam passar a luz do dia, janelas partidas e madeiras apodrecidas.
O cenário preocupa os dirigentes do núcleo da Marinha Grande da Liga dos Combatentes, cuja sede se situa nas instalações da Guarda Florestal da Boavista desde 2004, pois defendem que, “caso o próximo inverno seja rigoroso, a cúpula do posto de vigia vai cair”.
“É uma pena, pois é dos poucos monumentos que a Marinha Grande tem e ninguém quer saber. Tudo aconteceu ali: as matas eram vigiadas a partir dali, os alertas para incêndios eram dados da torre e todo o movimento em torno do vidro e do pinhal do Rei saiu daquele ponto”, explica Fernando Quadros, presidente da direção do núcleo.
A preocupação foi transmitida à autarquia nos últimos meses mas até ao momento o núcleo não recebeu qualquer abertura para uma eventual intervenção.
“Nós não temos dinheiro nem para colocar andaimes se quisermos pintar a torre. Pelo valor histórico que tem, entendo que a câmara devia tomar uma posição e fazer, pelo menos, um estudo sobre a perigosidade do posto”, conta, referindo a proximidade a uma via de circulação e paredes meias com a escola secundária Pinhal do Rei.
Fernando Quadros dá nota também que a ausência de classificação e identificação do ponto tem dificultado a intervenção por parte da autarquia.
“A acontecer um terceiro inverno rigoroso, se o vento virar para a torre, não tenho dúvida que a cúpula cai. É uma questão de tempo. Custa-me ver ruir aquela coisa”, realça.
Construído em 1885, o ponto de vigia da Boavista veio substituir o que existia no edifício da Resinagem. Atualmente, com 129 anos, está fechado e não é aconselhável a subida à cúpula. Encontra-se paredes meias com a escola secundária Pinhal do Rei.
Até ao fecho desta edição não foi possível obter um comentário por parte da autarquia e da Escola Secundária Pinhal do Rei.
Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt
(Notícia publicada na edição de 11 de setembro de 2014)