O FMI vem agora dizer que o investimento público é importante e que a austeridade tem que ser moderada. Vítor Gaspar vem dizer o mesmo. A União europeia, também o começou a dizer à boca pequena e aos repelões. Mas não foram estes, o nosso governo e uma série de fazedores de opinião e de outros “especialistas”, que durante três anos andaram a dizer o contrário? Agora não será tarde? O que se fez entretanto? Carregou-se na redução do rendimento e no aumento dos impostos, aumentou o desemprego e a emigração, com implicações diretas no aumento da despesa social. Quem conhece o país, sabe que a maioria das micro e pequenas empresas vivem, do consumo interno, ou será que não conhecem? Retiraram serviços aos cidadãos e reduziram drasticamente o investimento público. Mas será que quem conhece o país e já agora qualquer coisa de economia, poderá achar que todo o investimento público é mau? Cometeram-se muitos erros, que devem ser corrigidos e não mais repetidos, mas também se fez muito investimento público reprodutivo e este jamais pode parar. Com tudo isto e com três anos de austeridade extrema, deveríamos começar a ter condições para controlar a divida do país. A reforma do Estado deveria ter sido feita neste período. E foi? Acho que não. E o que vemos e sentimos? A divida a crescer todos os dias e a aumentar, a certeza que esta divida é simplesmente impagável. Ou seja, para ser paga, tem que ser reestruturada, através da redução de juros e do aumento dos prazos de pagamento. No entanto esta conversa tem sido tabu e só era proferida pelos inimigos da pátria. Mas se todos sabiam isto há muito tempo, porque não atuam ou não atuaram mais cedo? Os governantes, a Sra Merkel, a Sra Lagarde e o Sr Durão Barroso, deveriam responder a estas perguntas.
Com estas medidas e outras implementadas pela Europa da moeda única, chegamos ao final de 2014, com esta mesma Europa a ser uma dor de cabeça para o resto do mundo desenvolvido, porque em vez de ser mais uma alavanca de crescimento, está e irá atrapalhar o crescimento dos outros. E aqui chegados, não é Portugal, Irlanda, Grécia ou Espanha que atrapalham, mas sim a Alemanha e outros chamados de desenvolvidos e ricos.
Será que aprenderam a lição?
(texto publicado na edição de 16 de outubro de 2014)