Sabe quanto custa pagar uma dívida de 11 milhões de euros num ano? Não precisa de fazer contas, a Câmara de Leiria já as fez e estima poder amortizar a dívida em cerca de 30 mil euros por dia. Se esse valor é para si uma miragem, pense em cerca de dois salários mínimos nacionais e meio (1.255 euros) por hora ou 21 euros por minuto.
Este é um dos objetivos que a autarquia traçou no orçamento municipal para 2015, ressalvando que a dívida contraída com a construção do estádio não entra nestas contas.
Ainda assim, Gonçalo Lopes, vice-presidente da Câmara, assumiu a vontade de manter este esforço e “esta velocidade” de modo a poder pagar “a divida que nos deixaram como legado” em dez anos.
Na reunião da passada terça-feira, marcada pela ausência do presidente da Câmara – já o ano passado Raul Castro faltara à discussão do orçamento e grandes opções do plano do município -, Gonçalo Lopes realçou a elevada taxa de execução – mais de 90% – do orçamento de 2014 bem como o “rigor financeiro” e “realismo” da proposta para o próximo ano.
O autarca sublinhou ainda a redução das transferências do Estado para investimento em cerca de um milhão de euros, a obrigatoriedade de entregar cerca de meio milhão de euros ao Fundo de Apoio Municipal, o aumento das despesas correntes devido “à reposição dos cortes nos salários” e o aumento das transferências para as freguesias em 400 mil euros.
“Este cenário obriga-nos a não entrar num desvario de promessas que seremos incapazes de cumprir”, afirmou.
Já a oposição considerou que o orçamento “está subvalorizado do lado da receita, é penalizador para as empresas revela falta de ambição estratégica para o concelho”.
Orçamento de 67 milhões
O orçamento da Câmara de Leiria para 2015 cifra-se em 67 milhões, representando um aumento de 1,3 milhões de euros face ao orçamento de 2014. Os documentos aprovados por maioria, com os votos contra da oposição PSD, preveem despesas correntes no montante de 41 milhões e cerca de 26 milhões em despesas de capital. O PSD votou ainda contra os orçamentos do Teatro José Lúcio da Silva e dos SMAS.
MR
(Notícia publicada na edição de 30 de outubro de 2014)