Da colocação da primeira pedra até hoje passaram quase 500 anos. Em outubro, a Sé Catedral de Leiria viu formalmente reconhecida a sua importância, com a elevação à condição de monumento nacional.
O reconhecimento é mais do que merecido, sublinha o historiador e especialista em património e história de Leiria, Saul António Gomes: “A classificação da Sé de Leiria impunha-se de há muito. A história de Portugal, em geral, e muito especialmente a da cidade e da diocese de Leiria manifestam-se e consagram-se, a muitos títulos, nesta catedral”.
Austera para quem a olha por fora, ela é “magnífica e surpreendente, pela majestosa verticalidade espacial, pela amplidão e coerência das suas abóbadas e pelo sentimento de estesia que a sua atmosfera luminosa e branca provoca a quem nela entra”, descreve Saul António Gomes. Ali observam-se “manifestos artísticos de diferentes épocas, com especial relevo para o Renascimento”.
Fundada pelo bispo D. Gaspar do Casal e patrocinada por D. João III, a Sé de Leiria tem conhecido uma história atribulada. Sofreu danos com o terramoto de 1755 e grandes estragos com as Invasões Francesas no século XIX, além de “alguns outros acontecimentos e intervenções da época contemporânea”, que lhe provocaram perdas, nota Saul António Gomes.
Apesar disso, o edifício, propriedade da Igreja, está hoje “em belíssimo estado de conservação”, notando-se “um cuidado extremo com o edifício”, descreve o diretor do Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima. “As múltiplas gerações que ali têm passado têm tido um desvelo muito grande pelo património que lhes está confiado”, afirma Marco Daniel Duarte, no site da diocese.
Agora, a Sé de Leiria terá de ser encarada com ainda maior cuidado. “Doravante, intervenções e obras no monumento e na sua área envolvente terão de respeitar um conjunto de normas legais que acautelarão a proteção do edifício histórico”, explica Saul António Gomes.
O presidente da Câmara de Leiria aponta a classificação como “motivo de orgulho” para a cidade e concelho. E apesar de Marco Daniel Duarte acreditar que o novo estatuto “não trará uma nova forma de agir relativamente à comunidade que ali tem lugar”, Raul Castro espera que a Sé contribua para “uma maior atração turística do centro histórico”.
ML
(Notícia publicada na edição de 30 de outubro de 2014)