Kiwi, ananás e maracujá não são frutos exclusivos de países distantes e exóticos, pelo contrário, nascem em terrenos do distrito de Leiria para chegar com regularidade ao consumidor.
Destes, a produção de kiwi, planta originária da China, é a que tem maior historial na região. Há quatro produtores do distrito de Leiria registados na Associação Portuguesa de Kiwicultores (APK) e um deles prepara-se para juntar hectare e meio à capacidade já instalada na freguesia das Cortes.
Um investimento no futuro que é também a forma encontrada por Rui Marques para homenagear a visão do pai, António Pereira Marques Júnior, pioneiro na instalação de kiwi durante a década de 80 do século passado.
Com este projeto, o promotor espera criar condições para obter 25 toneladas de kiwis por ano. Por enquanto, o fruto segue direto do pomar das Cortes para o mercado municipal de Leiria, onde é vendido em banca pela mãe de Rui Marques. Com a expansão da atividade, a distribuição chegará a novos patamares. “Já tenho escoamento garantido e um dia a minha ideia é exportar”, afirma.
De acordo com a APK, há 500 produtores em Portugal que garantem uma colheita anual de 21 mil toneladas, em média. O sector movimenta 23 milhões de euros, dá emprego a mil pessoas e exporta para França, Espanha e Inglaterra.
Ananás made in Monte Redondo
Se o kiwi se adapta bem ao clima de Leiria, porque beneficia das temperaturas baixas que caracterizam o concelho durante o inverno, o mesmo não se pode dizer do ananás, típico de regiões tropicais e subtropicais.
Neste caso, “o que dificulta o cultivo é o excesso de calor e o excesso de frio. As amplitudes térmicas são muito grandes”, explica José Paulo Vieira, um professor com formação em engenharia hortofrutícola que há 25 anos estuda a produção de ananás e que mantém estufas na zona de Monte Redondo.
“A planta requer muitos cuidados durante muito tempo e por vezes torna-se difícil concluir o ciclo vegetativo. Quando as condições são boas consigo produzir durante quase todo o ano, mas a rentabilidade não é nada por aí além”, afirma. As melhores campanhas até à data deram 300 a 400 quilos de ananás, encaminhados para mercearias de proximidade.
Maracujá é sucesso no Vimeiro
Outro concelho, outras experiências. No Vimeiro, Alcobaça, Liliana Frazão começou há três anos a produzir maracujá, um fruto proveniente das Américas. E o balanço não podia ser melhor. “Tem muita procura, cada vez mais, este ano não tenho tido mãos a medir”, afirma a agricultora, que fornece pequenos comerciantes do Oeste.
Apesar de ter aumentado a área cultivada já este ano, os mil metros quadrados são insuficientes para a procura. Por um lado, o fruto leva mais tempo a atingir a fase de maturação, devido ao clima, menos quente do que no Brasil e noutros países produtores.
Por outro, mostra viabilidade económica. “Tem o seu potencial porque é vendido a um preço bastante razoável, cerca de cinco euros o quilo”, confirma Liliana Frazão.
O número
24
Entre janeiro e agosto de 2014, o distrito de Leiria exportou fruta no valor de 24 milhões de euros. Para este valor contribuem sobretudo os produtores de pera rocha do Oeste e de maçã de Alcobaça. Os dois frutos, exclusivos da faixa litoral entre Leiria e Lisboa, têm mercado internacional consolidado. Brasil, França e Reino Unido são os maiores compradores, enquanto os concelhos de Bombarral e Óbidos lideram a exportação.
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt
(Notícia publicada na edição de 6 de novembro de 2014)